(pt) União Popular Anarquista (UNIPA) - O que se passa na Grécia de Syriza?
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Quinta-Feira, 26 de Fevereiro de 2015 - 17:56:45 CET
Tsipras (Syriza) e Kammenos (Anel) consumam coalizão entre “nova” socialdemocracia e
direta conservadora. ---- “um parlamento burguês nunca poderá fazer mais que legislar a
respeito da escravidão do povo” (BAKUNIN) ---- A eleição do Syriza – partido composto de
várias correntes políticas, em certa medida semelhante ao PT e PSOL – na Grécia gerou uma
grande expectativa nos partidos políticos eleitorais na Europa e na América Latina.
Anunciada a vitória o Syriza se aliou ao partido de direita-conservador, Gregos
Independentes (Anel), para obter maioria parlamentar e assim conseguir aprovar as medidas
anunciadas durante a campanha. Na composição governamental o partido conservador ficou com
o ministério da Defesa, sendo Panos Kammenos, líder dos Gregos Independentes, o ministro.
Além disso, Anel e Syriza elegeram o político conservador do partido Nova Democracia,
Prokopis Pavlopoulos, como presidente da Grécia. Confirmou-se assim a política de unidade
nacional com setores conservadores “críticos a austeridade”.
A mais de uma década protestos de massa e ações diretas tomam conta da Grécia em virtude
da situação política, econômica e social. Manifestações nas ruas por direitos sociais,
solidariedade com prisioneiros políticos e campanhas antifascistas foram em boa parte
estimulada e realizada pelos grupos anarquistas gregos. Além do apoio e participação em
greves. O partido comunista (KKE) tem sua força principal no setor privado e entre os
camponeses.
Todo essa mobilização dos trabalhadores gregos e pequenos grupos, e a corrupção e guinada
do PASOK ao neoliberalismo, ajudaram, em certa medida, a catapultar o Syriza. Isso fica
evidente com a baixa votação do PASOK (Partido Socialista) que ficou com apenas 4% dos
votos depois de obter 44% em 2009. Ou seja, o partido que disputava o poder na Grécia com
o Nova Democracia (Liberal) a mais de duas décadas perdeu completamente sua força
eleitoral, provavelmente com uma migração dos votos de seus antigos eleitores para o novo
partido socialdemocrata. A percentagem de abstenção do processo político grego se mantém
acima dos 35% desde as eleições de 2012.
Em 2007, a percentagem de eleitores que não votaram nas eleições legislativas foi de
27,8%. Dois anos depois chegou a 30,9%. Em 2012 houve dois turnos eleitorais, um em Maio e
outro em Junho. No primeiro, 36,44% dos eleitores não votaram. No segundo, a abstenção foi
de 38,15%. Nas eleições de 2014 a abstenção foi de 36,16%. O que representa uma descida
face aos 38,15% observados nas eleições legislativas de Junho de 2012, mas no mesmo número
da primeira eleição de 2012. Uma grande parcela dos trabalhadores se abstêm de participar
da política burguesa.
A Política do Syriza: a ilusão social-democrata/eurocomunista
O Syriza mantém sua política de permanência na Zona do Euro e consequentemente de apoio ao
militarismo imperialista da OTAN. Isso fez com que o próprio partido não se aliasse com o
Partido Comunista, KKE. E isso apesar dos comunistas serem maior no parlamento que o
partido Anel, já que este último diminuiu em relação a legislatura anterior. Essa posição
pró-UE/OTAN do Syriza já estava clara nas eleições de 2012 quando o partido somou 26,89%
dos votos. Nos últimos 10 anos os gastos militares representam em média 3% do PIB do país.
Os gastos cresceram entre 2009 e 2011, para voltar a níveis anteriores de 2009 no ano
seguinte (2012). França e Alemanha são os maiores fornecedores de armas e suprimentos
bélicos para o país. Essa compra também representam gasto com serviços oferecidos pelos
conglomerados militares que nos últimos 10 anos já chegaram a quase 10 bilhões de euros.
A proposta do novo governo liderado pelo Syriza é manter a Grécia na UE/OTAN e renegociar
a política econômica imposta pela troika (FMI, BCE e Comissão Europeia) e aceita
totalmente pelo governos anteriores do PASOK e da Nova Democracia. Não por acaso, o giro
pós-eleição do Ministro das Finanças grego foi recebido com o apoio da Inglaterra de David
Cameron e da França de François Hollande. Tendo em vista a resistência declarada do
governo alemão em manter as regras do pacote econômico, o ministro das finanças da França
saiu em defesa do “financiamento seguro” da Grécia pela troika.
As medidas atualmente anunciadas pelo governo não revertem e nem aponta a possibilidade
real de avanço da luta contra o arrocho aos trabalhadores, se inserindo numa lógica de
unidade nacional para reformar e modernizar o capitalismo no país.
Assim, o Syriza não coloca no horizonte a construção do autogoverno dos trabalhadores e
camponeses gregos, e do socialismo, muito pelo contrário. Se coloca como defensor de
medidas que buscam salvar e ajustar a combalida econômica capitalista grega, como as
chamadas medidas de estímulo a economia nacional para atender aqueles na miséria absoluta.
Além disso, procura direcionar o movimento de massa estudantil e sindical para a falida
disputa eleitoral, ou seja, para a integração sistêmica. E mais, não há rompimento efetivo
com a UE-OTAN. Se mantém os presos políticos gregos, como o anarquista Kosta Sakkas e
centenas de outros camaradas!
Construir o Sindicalismo Revolucionário!!
Abaixo o Militarismo e o Imperialismo da OTAN-UE!!!
Liberdade aos Presos Políticos!!!
https://uniaoanarquista.wordpress.com/2015/02/22/o-que-se-passa-na-grecia-de-syriza/#more-1720
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