(pt) Brazil, Coletivo Quebrando Muros - LUTAS, PUBLICAÇÕES [CQM] ESTUDANTES DÃO A AULA! DEZEMBRO 3, 2015 DEIXE UM COMENTÁRIO
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Terça-Feira, 8 de Dezembro de 2015 - 07:29:08 CET
Em São Paulo, o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou um forte ataque ao ensino
público: a “reorganização”, ou mais precisamente o fechamento de mais de 100 escolas no
Estado e o cancelamento de muitas turmas. Estudantes secundaristas se organizaram desde
então, de forma autônoma e combativa, em um movimento pautado pela Ação Direta, tendo
realizado atos de rua e discussões com a comunidade. O que o governo do estado fez?
Ignorou, mais uma vez, a voz destes que são os maiores interessados. O caminho, a partir
de então, estava claro para aqueles que constroem o movimento de acordo com as suas
necessidades e atuam por conta própria ao não enxergar uma alternativa em candidatos ou
ONG’s: a radicalização da luta! ---- A resposta da estudantada foi dada com muita
organização. A ocupação das escolas começou há mais de vinte dias atrás e em muitas delas
as deliberações são tomadas em assembleias e funcionando a organização interna de maneira
horizontal. São formadas comissões para limpeza, alimentação, organização, segurança,
atividades culturais e demais trabalhos. Dentro da escola ocupada as relações já não são
as mesmas, foram descentralizadas. Alunos(as), professores(as) e demais trabalhadores(as)
decidem e aplicam em conjunto as atividades realizadas, que vão desde alimentação à aulas,
oficinas e debates. A hierarquia cedeu lugar a autogestão.
Mais de 220 escolas ocupadas no Estado! Estes jovens não só se colocaram no cenário
politico de forma admirável como também despertaram a solidariedade e o sentimento da
necessidade de luta pelo Brasil a fora! Levam com eles não apenas nosso apoio, como nossos
corações inflamados pela rebeldia. Porém, sempre que o povo avança criando e fortalecendo
o poder popular, a repressão dos senhores-chefes vem na contra mão tentando anular sua
força. O governo estadual já tentava suprimir o movimento dos estudantes via
judicialização. E embora não tenha conseguido mandado (com pedido de reintegração negado
mais de uma vez), iniciou outra estratégia para a criminalização da mobilização. O aúdio
vazado¹ recentemente mostra a Secretaria de Educação de São Paulo assumindo uma guerra
contra a resistência nas escolas!
Estudantes estão enfrentando agora a repressão policial e o apoio trapaceiro de algumas
direções para a desmobilização. “Agora a aula é na rua”, pois se intensificam a represália
é dada a resposta com a mesma potência! Trancar ruas e avenidas, fazer a cidade parar! A
tropa de choque levou alguns bravos lutadores detidos em manifestação nesse dia 01/12,
lançou bombas de gás, atirou e atuou mais uma vez tentando instaurar o medo a serviço dos
chefes de gabinetes e seus interesses medíocres, sem se importar com os danos causados às
crianças e adolescentes. O movimento não retrocede, quem deve retroceder é o Estado e os
interessados no declínio da educação (já precária) pública!
No Paraná, o governo de Beto Richa (PSDB), que este ano já demonstrou seu apreço pelos
educadores ao nos arrancar a previdência à custa de nosso próprio sangue no dia 29 de
Abril, anunciou que também gostaria de contribuir para a decadência da educação. A
“reorganização” aqui visava o fechamento de 71 escolas no Estado. O alvo principal são as
escolas rurais (31 foram elencadas), e os Centros de Educação Básica de Jovens e Adultos
(Ceebjas), que somam 19 centros. Outras 21 escolas que ocupam imóveis alugados também
estão na lista. Em Curitiba há pelo menos 9 colégios listados, entre eles: Colégio
Estadual Tiradentes, no Centro; Colégio Estadual Barão do Rio Branco, no Água Verde;
Colégio Estadual Dom Pedro II, no Batel; e Colégio Estadual Xavier da Silva, no Rebouças.
O argumento, mais uma vez, é a diminuição de gastos. Nada diferente de São Paulo,
pretende-se executar a mesma política mascarada sobre os mesmos argumentos indefensáveis.
Que argumento poderia sustentar a indiferença? Sobre o pretexto dos cortes orçamentários
diminuem a qualidade de vida de trabalhadores e estudantes. Ao fazer com que estudantes
sejam realocados e precisem fazer um deslocamento muito maior, que pelas condições de
transporte público, com tarifas cada vez mais abusivas, podem acabar por restringir o
acesso à educação. Além de aumentar o número de estudantes por turma, o que torna ainda
mais precário o trabalho de professoras/es e funcionárias/os, e consequentemente a
formação das pessoas educandas.
A rede estadual de ensino público é responsável pela maior parte da formação em nível
básico – e as matrículas aumentam a cada ano. Atualmente são 1.095.236 matrículas na rede
estadual. Poucas pessoas têm condições de manter suas crianças em Colégios Particulares. É
a juventude periférica e do campo que será a maior prejudicada. Outras medidas têm
contribuído para a precariedade do ensino gratuito, como a falta de estrutura e materiais;
as condições de trabalho de servidoras/es da limpeza, merenda e manutenção – que,
terceirizadas, experimentam um regime de contratação precário e inseguro.
Em Goiás o governador Marconi Perillo (também do PSDB) já decretou o fim dos concursos
públicos para professores e pretende colocar as OS’s para administrar colégios. Aqui no
Paraná essa é uma realidade próxima, apesar de ainda não ter sido decretado seu fim, os
concursos estão cada vez mais raros. A contratação de professoras e professores
substitutos via PSS (Processo Seletivo Simplificado) é a exceção que se tornou regra, e
significa a perda de direitos trabalhistas e remuneração mais baixa por hora aula. Eis a
escola neoliberal, onde precários dirigem precários para formar uma geração de futuras
(os) precarizadas(os).
Assistimos também o descaso do governo federal que deixa de priorizar a educação pública e
passa a investir nas empresas de ensino. Iniciamos o ano com um corte gigantesco na pasta
do MEC, ultrapassando 12 bilhões. Outros ministérios, como o da Saúde, resposável por
necessidades básicas do povo, também sofreram grandes cortes. Ou seja, tanto nacional
quanto estadualmente, os governos (PT e PSDB) querem que quem trabalha pague pela crise,
enquanto os senhores-chefes lucram e desfrutam da riqueza que acumulam.
Será que as crianças dos governantes frequentam alguma escola pública? É sabido que não.
Há uma nítida diferença entre a escola dos ricos, que forma e reproduz a elite, e a escola
dos pobres, que nem mesmo responde ao mínimo de instrução. Desde cedo nos impedem de falar
de igualdade de oportunidades. E é a escola dos ricos, o ensino privado que sai lucrando
com os retrocessos do ensino público. Precisamos seguir atentos para que não tenhamos
nenhuma turma à menos! Para barrar todas as agressões, para não abaixar a cabeça para os
assaltos ao ensino gratuito! Será só com muita luta e Ação Direta que, nesses tempos onde
se intensificam os ataques ao povo, poderemos assegurar nossos direitos.
Nenhuma escola a menos! Educação não é mercadoria!
Retirado de: https://quebrandomuros.wordpress.com/2015/12/02/estudantes-dao-a-aula/
http://anarquismopr.org/2015/12/03/cqm-estudantes-dao-a-aula/
https://quebrandomuros.wordpress.com/2015/12/02/estudantes-dao-a-aula/
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