(pt) União Popular Anarquista (UNIPA) - Regulamentação da terceirização no Brasil: um engodo neoliberal
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Quarta-Feira, 22 de Abril de 2015 - 15:23:25 CEST
Em virtude do embate de classes e forças políticas sobre a flexibilização de direitos
trabalhistas, quer dizer, da aprovação do PL da Terceirização (PL 4.430), publicamos
posição da Unipa lançada no Jornal Causa do Povo, em 2011. Hoje, a Câmara dos Deputados
realizou uma alteração, ainda não definitiva, no texto base do projeto que descartaria a
possibilidade de terceirizar "atividades-fim" na administração pública direta, autarquias
e fundações. As centrais sindicais governistas, CUT e CTB, consideram este o ponto de
principal divergência, pois aceitam a regulamentação da terceirização nas
"atividades-meio", e não defendem sua extinção. ---- Assim, o movimento comportado que tem
sido realizado em algumas capitais brasileiras, dirigido e organizado pela CUT e CTB, pode
estar prestes da autosabotagem e do tráfico de interesses governista. A política do PT e
PCdoB é clara: ajuste sobre os trabalhadores. A política da CUT e CTB, também: aceitam
regulamentar a terceirização nas atividades-meio, inclusive do setor público. Deve-se
considerar que tais centrais não tem buscado organizar os próprios trabalhadores
terceirizados em seus locais de trabalho, mantém sindicatos diferenciados para efetivos de
um lado e terceirizados de outro. Não representam os terceirizados!
Os governistas, que discriminam sistematicamente esta fração marginalizada de
trabalhadores, não serão consequentes nesta luta. É preciso romper o movimento comportado
destas burocracias sindicais, organizar rebeliões descentralizadas em cada local de
trabalho, e partir para o enfrentamento direto nas ruas contra patrões e o governo.
Desorganizar a burocracia sindical é o primeiro passo para organizar a luta sindical
direta e defender o direitos históricos da classe trabalhadora!
Regulamentação da terceirização no Brasil: um engodo neoliberal
Causa do Povo, nº60 (Julho/Agosto de 2011)
Foi aprovado pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal
no dia 8 de junho [de 2011], o Projeto de Lei (PL) nº. 4330/04 que possibilita a expansão
do trabalho terceirizado no Brasil. O PL, que deve-rá passar pelo Senado para entrar em
vigor, foi encaminhado pelo deputado capitalista do PR, Sandro Mabel - proprietário do
Grupo Mabel - e possuiu incondicional apoio da representante da burguesia industrial, a
CNI - Confederação Nacional da Indústria.
Tal PL amplia a possibilidade de substituir a mão-de-obra de atividades essenciais de uma
empresa ou setor público por mão-de-obra terceirizada - até então restringida às ditas
atividades-meio. Além disso, regulariza a prática da quarteirização, onde uma empresa
terceirizada pode, por sua vez, subcontratar outra empresa. Regulariza, também, o
descompromisso com direitos trabalhistas pela empresa ou setor público que contrate a
empresa terceirizada, assim como atesta desigualdade de direitos entre trabalhadores
terceirizados e efetivos.
A aceleração deste projeto no congresso deve-se em parte a apresentação de outra proposta
de regularização da terceirização surgida do pacto governista entre o Ministério do
Trabalho e as Centrais Sindicais (CUT, CTB, UGT, NCST, CGTB e FS). Em aparente
contraposição, a proposta governista, que não legisla sobre a terceirização no setor
público, diverge em dois pontos: legitima a terceirização apenas das atividades-meio e
co-responsabiliza as empresas que contratam as terceirizadas pelas obrigações
trabalhistas, afirmando uma difusa "isonomia" entre efetivos e terceirizados.
Ambos os projetos, no entanto, caracterizam-se pelo não enfrentamento à reestruturação
capitalista: o apresentado pelo Sandro Mabel e CNI é abertamente neoliberal; e o
apresentado pelos governistas de monstra seu recuo programático pela adaptação ao sistema
parlamentar-burguês. Uma breve análise da última década demonstra tal recuo: A CUT,
dirigida pelo PT, posicionava-se contrário à terceirização até 2003, ano da vitória
presidencial de Lula. A partir de 2004 a CUT modifica esta orientação e passa a defender
um projeto de regulamentação da terceirização.
O crescimento da terceirização no Brasil está conectado ao período de ascenso neoliberal
mundial, marcado pelo padrão de acumulação flexível de capitais. Tal padrão necessita da
retirada de direitos trabalhistas e da redução global da taxa salarial em diversos
setores, assim como a substituição/extinção de postos de trabalho. A terceirização é,
assim, expressão eficaz do anseio neoliberal.
A bandeira de luta mais consequente é contra a terceirização do trabalho, não pela sua
regulamentação. Para isso, o movimento sindical deve acumular forças pela sua organização
entre efetivos e terceirizados em cada local de trabalho. Devemos romper o corporativismo
das direções governistas e apostar unicamente no enfrentamento direto contra o Estado e a
burguesia. A luta inconsequente e falida que subordina a classe trabalhadora às disputas
dentro do Estado burguês devem ser duramente rechaçadas!
Mesmo trabalho, mesmo salário, mesmo direito!
Efetivos e terceirizados: somos todos trabalhadores!
https://uniaoanarquista.wordpress.com/2015/04/17/regulamentacao-da-terceirizacao-no-brasil-um-engodo-neoliberal/
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