(pt) Federação Anarquista do Rio de Janeiro Libera #162 ABR-MAI-JUN 2014 - Nesta Edição + NÃO COMEÇOU EM 2013, NÃO TERMINArÁ EM 2014 o legado das lutas populares e da copa
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Segunda-Feira, 8 de Setembro de 2014 - 15:17:28 CEST
Nesta Edição ---- MURALISMO -- Arte no Trabalho Social pág 3 ---- REFLEXÕES SOBRE -- O
Primeiro de Maio pág 4 ---- PODER POPULAR -- Nas ruas de Montevidéo pág 4 ---- LUTA
ESTUDANTIL -- No Norte Fluminense pág 5 ---- TEMPO DE ELEIÇÕES -- Entrevista a fAu pág 6
---- FALECEU ESTHER REDES -- Além de poesias pág 8 ---- NÃO COMEÇOU EM 2013, NÃO TERMINArÁ
EM 2014 o legado das lutas populares e da copa ---- Junho de 2013 pegou os lutadores e
lutadoras sociais de surpresa. O povo não engoliu passivamente o gasto de bilhões do
dinheiro público na Copa, enquanto que os serviços públicos de saúde, educação,
transportes só pioram. O aumento da tarifa dos precários transportes públicos foi o
estopim para milhares irem às ruas e lutarem contra os abusos e violências das grandes
empresas capitalistas e dos governos. A deterioração dos serviços públicos, a crescente
crise social e urbana, a influência das lutas sociais internacionais e a indignação com a
forte repressão policial nos primeiros atos, contribuíram para que os atos seguintes
fossem ganhando cada vez mais volume. A redução das tarifas de transporte em várias
cidades foi uma vitória do povo contra a classe dominante, mesmo com as tentativas de
infiltração de setores de direita e ultraconservadores nos atos.
Junho parecia ser apenas o iní-
cio de uma longa primavera.
Um dos legados das jornadas
de 2013 foi a crescente mobili-
zação de vários setores dos(as)
explorados(as). Nas greves dos
garis, professores e rodoviá-
rios trabalhadores e trabalha-
doras combateram a burocra-
cia e não abaixaram a cabeça
para os sindicatos patronais e
as direções vendidas ao gover-
no. Outros exemplos foram a
resistência das favelas, as lutas
do movimento sem-teto em
São Paulo e as manifestações
realizadas em bairros da peri-
feria em várias partes do Bra-
sil. E o povo criou táticas ou-
sadas de mobilização nas ruas,
tais como a ação dos garis em
cobrir as ruas de lixo em ple-
no Carnaval; o fechamentos de
ruas; "catracaços" e ocupações
de espaços governamentais.
Tudo isso deu força à pressão
popular e possibilitou conquis-
tas, o que dificilmente acon-
teceria apenas com passeatas
burocratizadas.
Pode-se dizer que 2013 foi
um marco, que trouxe algumas
mudanças para os movimentos
populares. Também mudam e
endurecem certas políticas do
Estado para estes movimentos
e mobilizações. Por outro lado,
apesar de milhares terem se-
guido pelas ruas, os espaços so-
ciais e de organização dos(as)
trabalhadores(as), não cresce-
ram proporcionalmente. Além
disso, a classe dominante tam-
bém aprendeu com as estraté-
gias das lutas nas ruas, tendo
a mídia burguesa como aliada
para lidar com os enfrenta-
mentos das jornadas de junho.
A morte do cinegrafista Santia-
go Andrade foi hipocritamente
explorada pelas empresas de
comunicação, que colaboraram
com o Estado na articulação
de um forte sistema de repres-
são contra os manifestantes
visando desmobilizá-los. O que
as sanguinárias forças militares
do Estado já faziam há décadas
nas favelas, como a repressão,
criminalização e violência con-
tra os pobres, passou a ser uti-
lizado no asfalto, de modo mais
brando mas não menos repul-
sivo.
O ano de 2014 começou como
uma espécie de "ressaca" de
2013. As condições para a mo-
bilização social tinham mudado.
Os setores conservadores do
poder se reorganizaram e pas-
saram a atacar com a crimina-
lização ideológica dos manifes-
tantes e movimentos sociais.
Muito antes da atual onda re-
pressiva, organizações políti-
cas e movimentos populares
já denunciavam que estava em
curso um eficiente sistema de
criminalização dos protestos e
da pobreza, dirigido pelo PT e
à serviço do grande capital na-
cional e internacional, como a
FIFA e as empresas que lucra-
ram com a Copa. Destacava-se
que sem a participação ampla
dos setores oprimidos, as mani-
festações encontrariam sérios
limites. A estratégia da classe
dominante já estava desenha-
da. Os protestos foram crimi-
nalizados e isso só poderia ser
combatido se os movimentos
populares, organizações políti-
cas e demais grupos transfor-
massem a força das ruas em
força social, com a ampliação
da participação popular. Tal ati-
tude não viria dos partidos po-
líticos, preocupados mais em
aumentar apenas suas próprias
fileiras para as eleições, do que
fortalecer os movimentos po-
pulares e sindicatos.
Sabemos que essa luta para a
ampliação da força social não
vai ser tarefa de uma única
organização ou de um único
movimento social, mas é algo
que cabe ao conjunto dos luta-
dores e lutadoras que apostam
na estratégia de massas e na
construção do poder popular.
É com esse objetivo que nos-
sa militância segue com nossa
modesta contribuição na luta
social cotidiana, nas ruas e
mobilizações, ombro a ombro
com os movimentos populares
do campo e urbanos, comuni-
tários, de favelas, estudantis e sindicais.
Parsindicais. Participando e ajudando a
construir espaços de poder popular e
participação direta do povo organizado.
-----------------------------------
[...] repudiamos a crescente política de
criminalização dos pobres e movimentos
sociais no país, que vem se expressando
atrevés do endurecimento repressivo e
jurídico por parte do Estado.
-----------------------------------
O contra-ataque da classe do-
minante aos movimentos orga-
nizados não demorou, buscan-
do isolar os setores que não
compactuavam com o refor-
mismo e a disputa partidária.
Companheiros e companhei-
ras perseguidos(as) em diver-
sos estados do país (Distrito
Federal, Rio de Janeiro, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina
e São Paulo, entre outros) so-
frem prisões e acusações ab-
surdas, montadas pela farsa do
governo Federal. As táticas de
resistência, utilizadas no calor
das ruas em 2013, passaram a
ser duramente reprimidas pe-
los setores dominantes e pelas
forças militares de repressão.
Toda essa repressão e crimina-
lização influenciou também na
cada vez menor adesão popu-
lar às mobilizações.
Nesse sentido, repudiamos a
crescente política de criminali-
zação dos pobres e movimen-
tos sociais no país, que vem se
expressando através do endu-
recimento repressivo e jurídico
por parte do Estado. Diversos
movimentos socais e grupos de
direitos humanos vêm denun-
ciando as violências e autorita-
rismos que a polícia, a justiça e
o Estado vêm cometendo. São
citadas várias arbitrariedades
na condução
dos processos
e inquéritos,
violações de
direitos como
perguntas so-
bre a vida po-
lítica dos ma-
nifestantes e a
apreensão de
livros. Isso só
reforça a natureza violenta do
Estado e do sistema de domi-
nação capitalista que sempre
que possível vão recorrer à
criminalização ideológica.
Longe de recuarmos, devemos
fazer um balanço crítico e au-
to-crítico da conjuntura desde
junho de 2013, avaliando onde
o conjunto da esquerda errou
e acertou. Para os(as) que ain-
da tinham dúvidas, ficou claro
o papel do PT e daqueles que
determinam as políticas do Es-
tado: defender a propriedade
privada e garantir o lucro dos
capitalistas, mantendo seus pri-
vilégios. Também aprendemos
nesse período que a ação di-
reta, que é a participação di-
reta do povo organizado nas
lutas e na resistência contra a
repressão, é fundamental para
as conquistas dos oprimidos
frente aos interesses dos pa-
trões e políticos. Que a revol-
ta popular pode obter vitórias
sobre as injustiças sociais, prin-
cipalmente quando dotada de
métodos de autogestão das lu-
tas pelos(as) trabalhadores(as),
com autonomia política na de-
cisão dos rumos dos processos
de mobilização, reivindicação e
resistência.
Por outro lado, conquistar a
adesão popular é fundamental
para o avanço dos processos
sociais, para dar sustento às
mobilizações e para que as lu-
tas nas ruas não se isolem das
pautas populares e percam sua
capacidade de pressão. E o pa-
pel da organização política não
é atrás nem à frente, mas lutan-
do junto com o povo. Atuan-
do como fermento, propondo
políticas e organicidade para a
luta. Com grande sensibilidade
para acompanhar e respeitar a
dinâmica viva da ação popular,
com táticas flexíveis mas an-
coradas na realidade. Esse é o
caminho para derrotar a classe
dominante e construir o poder
popular para além das urnas,
fortalecendo movimentos po-
pulares que pautem suas lutas
com independência de gover-
nos, partidos ou empresas.
Ou se vota nos de cima ou se
luta com os de baixo! Não vo-
tar, Lutar e se organizar rumo
ao Poder Popular!
More information about the A-infos-pt
mailing list