(pt) Anarkismo.net: Limites da Política de Participação Social by BrunoL (en) by BrunoL
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Sábado, 31 de Maio de 2014 - 16:05:34 CEST
Chegou tarde a Política Nacional de Participação Social (PNPS), instituída em 26 de maio
pela presidente Dilma Rousseff. Não me refiro ao fato da formalização de mais canais de
participação surja após os protestos de 2013, mas sim depois de uma década de
desorganização das estruturas do movimento popular do brasileiro. Eis o contraste. ---- O
país vem aumentando os canais formais para participar das decisões de governo e, por
consequência, das políticas públicas necessárias para diminuir a desigualdade. Já as
formas de pressão tornam-se diluídas com a incapacidade de acumulação de forças pela base
da pirâmide social. ---- A Constituição Federal de 1988 abriu o caminho para nosso exemplo
síntese na disputa entre interesse público e apropriação privada de recursos. O Sistema
Único de Saúde seria o modelo a ser seguido em áreas afins caso as resoluções de seus
conselhos fossem acompanhadas da devida dotação orçamentária, sem passar este recurso por
contingenciamentos. O mesmo vale para a educação, direito ao usufruto das cidades e
metrópoles, resíduos sólidos, igualdade étnico-racial, gênero, criança e adolescente, meio
ambiente, agricultura familiar e seguridade social.
Nestas frentes da vida em sociedade, temos excelência em legislação e reprovamos na
execução. Assim, no lugar de orçamento conforme preceito constitucional, os brasileiros
convivem com crueldades como o famigerado fator previdenciário, a Desvinculação de
Recursos da União (DRU) e a infame rolagem da dívida pública que consome 42% do orçamento
aprovado para 2014!
Diante desses números, qualquer política de participação de tipo colaborativo é um placebo
para a fúria acumulativa do capital financeiro e seus amigos do peito, operando por dentro
do aparelho de Estado. Uma PNPS levada às últimas consequências deveria ter representantes
da sociedade civil (e não das associações de agentes econômicos) presentes em órgãos como
o Comitê de Política Monetária (Copom), cujos oito componentes decidem sobre os parâmetros
de nossas vidas.
O debate complementar é o da qualidade desta representação. Se fosse boa e comprometida
com os direitos das maiorias, a representação sindical em conselhos como o do FAT e da
Previdência não admitiria que estas verbas fossem desviadas de sua atividade-fim.
Toda iniciativa que aproxime a vontade da maioria com a capacidade de execução é positiva
para a democracia direta. Mas, a história dos direitos prova que a pressão popular é muito
mais efetiva do que a participação subordinada.
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