(pt) Núcleo Anarquista Resistência Cabana NARC - Puxirum #1 - EDUCAÇÃO LIBERTÁRIA Ferramenta de contraposição à educação burguesa (en)
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Sexta-Feira, 16 de Maio de 2014 - 18:58:32 CEST
A educação no meio anarquista sempre foi uma preocupação e uma ferramenta de contraposição
à educação burguesa, que ensina e reproduz a obediência aos valores burgueses liberais.
Tal modelo de educação tem como finalidade a adaptação dos sujeitos ao mercado e ao
sistema capitalista, não se educando, por isso, para a autonomia, para a participação.
Deste modo o modelo utilizado no sistema formal de ensino público se configura como um
aparelho ideológico do Estado, cultivando a disciplinarização e fazendo com que a educação
se torne um fetiche, onde o conhecimento é esvaziado de seu potencial emancipador. O
sistema de educação formal se configura então como um saber alienado em que predomina um
valor de troca, alicerçado em notas, conceitos, pontos, dentre outras coisas que seguem a
lógica alienada do valor de troca do capital.
Paralelamente a isso, há uma seleção de conhecimentos, muitas vezes estranhas aos
interesses dos sujeitos, atendendo prioritariamente às demandas do capital.
Outro agravante é que o Estado se afirma como único detentor da capacidade de educar,
monopolizando assim o ensino-aprendizagem e se apresentando
como o modelo ideal de educação, mas
isso não é verdade. Com essa estratégia,
o Estado nos rouba a possibilidade de
escolher a educação para os nossos
filhos e nosso povo, a tal ponto que, se
você não coloca o filho na escola, você é
criminalizado. Assim, pais e sociedade
em geral assimilam os valores da
educação formal como legítimo. Isso
gera um eficiente processo de reificação,
pois os pais referendam esse modelo de
educação e sua lógica de provas,
diplomas e notas, criando um processo
de modelagem que nega a diferença dos
sujeitos em suas realidades específicas,
gerando problemas, por exemplo, para o
reconhecimento da educação popular
nas áreas rurais, como a educação no
campo, pois há uma grande dificuldade,
por parte do Estado, em validar os
conhecimentos ensinados no campo, já
que o sistema começa a cobrar que a
educação seja técnica e atenda às
demandas do mercado.
Essa mentalidade burguesa,
disseminada pelo Estado no meio
educacional, também está presente
entre os educadores, sendo reforçada
pelo caráter corporativista dos
sindicatos. A comprovação de tal
afirmação é que hoje as propostas
mais radicais, colocadas dentro dos
sindicatos, não tocam na transformação
do sistema. O centro das reivindicações
e as bandeiras de luta têm como foco
central o reajuste salarial dos
educadores e a melhoria estrutural das
escolas, o que não muda o sistema,
apenas o reforça.
Para contrapor-se a tal modelo, é
necessário que a educação proposta
pelos anarquistas esteja ligada à luta
popular e aos interesses da classe
oprimida, uma vez que os anarquistas
acreditam que a revolução não acontece
apenas pela tomada de um poder
macroestrutural, pela força; ao contrário,
a revolução só acontecerá quando os
ideais que movem os grupos que
demandam a revolução, estejam
impregnados na população. Assim a
educação alicerçada nos princípios
anarquistas, deve então se tornar um
exercício de vivência libertária cotidiana,
integrada ao processo de construção da
revolução. Nesse exercício cotidiano, a
luta pela ampliação dos direitos dos
educadores é fundamental, mas a luta
por uma educação pública de qualidade
não pode estar distanciada de uma
busca por uma educação diferenciada e
que sirva aos fins revolucionários,
apesar das limitações e resistências.
Uma tarefa então para os educadores
libertários deve ser transformar as
assembleias de educadores em um
espaço para que questões referentes a
propostas de educação libertária sejam
apresentadas, para além de
reivindicações salariais. Outra iniciativa
necessária deve ser impregnar espaços
de educação formal com ideais
libertários, disputando politicamente
todos os espaços da escola e
fortalecendo, assim, uma cultura de
autonomia e horizontalidade entre os
membros da comunidade escolar e da
comunidade em geral, transformando os
mínimos espaços em ambientes políticos
e, consequentemente, educativos. Para
isso é necessário aproximar a educação
da comunidade, chamando pais e
responsáveis. As experiências da escola
da ponte, dos ateneus, das escolas
modernas, são experiências
interessantes, mas são ilhas libertárias e
não refletem a realidade da educação em
geral.
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