(pt) Federação Anarquista Gaúcha - FAG - LUCY GONZÁLEZ PARSONS (en)
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Domingo, 9 de Março de 2014 - 12:14:13 CET
Lucy Eldine González Parsons, militante feminista e anarquista estadunidense morreu em 7
de março de 1942. Por quase 70 anos, Lucy Parsons (como era conhecida) lutou pelos
direitos dos pobres e marginalizados em face de um sistema econômico industrial cada vez
mais opressivo. O ativismo radical de Lucy desafiou o sentimento racista e sexista em um
momento em que até mesmo radicais americanos acreditavam que o lugar da mulher era em
casa. ---- Pouco se sabe sobre o começo da vida de Lucy Parsons. Algumas biografias
relatam que ela nasceu no Texas em torno de 1853, durante a Guerra Civil Era, e é provável
que seus pais fossem escravos, mas outras informações dizem que ela era uma afro-americana
com ascendência indígena (nativa americana) e mexicana. Durante sua vida, a fim de
disfarçar suas origens raciais em uma sociedade preconceituosa, Lucy usou muitos sobrenomes.
Em 1870, conheceu Albert Parsons, um ex-soldado confederal que se veio a tornar um
republicano radical e mais tarde militante anarquista. Forçados a sair do Texas pelo seu
casamento inter-racial foram para Chicago onde logo se ligaram aos setores revolucionários
que começavam a desenvolver o movimento sindical.
A partir de 1878 Lucy colabora no jornal O Socialista, a partir daí torna-se uma escritora
e agitadora com um papel decisivo na organização operária de Chicago. Em 1883 foi uma das
fundadoras da International Working People's Association (IWPA), uma importante
organização anarquista internacionalista e defensora da ação direta que se distinguia por
defender a igualdade das mulheres e dos negros. Lucy além de militar na organização era
uma colaboradora regular do seu jornal O Alarme, onde apelava à ação direta contra os
ricos e os poderosos.
Muitos dos seus artigos tratavam também da questão do racismo e da discriminação
defendendo a necessidade dos negros se integrarem à luta social contra o capitalismo.
Em 1886 a IPWA foi uma das organizações que desencadeou a greve geral em defesa das 8
horas de trabalho no primeiro de maio, que levou aos acontecimentos da Praça Haymarket e
ao famoso processo dos Mártires de Chicago em que a justiça americana condenou à morte
três conhecidos militantes operários e anarquistas, entre os quais o Albert Parsons.
Após o enforcamento do seu marido, manteve uma presença ativa no movimento operário e
anarquista, participando em 1905 da fundação da confederação sindical revolucionária IWW e
colaborou no jornal O Libertador. Nos anos 30, no contexto da avanço do nazi-fascismo,
decidiu aderir ao Partido Comunista.
Lucy Parsons morreu no incêndio da sua casa em 1942, após meio século de intensa
militância, onde se destacou como uma das mais importantes mulheres do movimento operário
e anarquista americano. Seus livros e documentos pessoais foram apreendidos
arbitrariamente pela polícia após o incêndio.
Em sua defesa da causa anarquista, Parsons entrou em desentendimento ideológico com outros
anarquistas seus contemporâneos, incluindo Emma Goldman, devido à sua opção de considerar
a questão de classe superior às questões de gênero e à luta pela liberdade sexual (amor
livre). Na opinião de diversos historiadores Emma Goldman e Lucy Parsons representam
diferentes gerações do anarquismo nos Estados Unidos. Tal fato acabou por resultar em um
conflito pessoal e ideológico. Carolyn Ashbaugh* analisou as divergências entre as duas:
"O feminismo de Lucy Parsons considerava que a opressão sofrida pelas mulheres era
resultante direto do capitalismo, fundamentava-se diretamente nos valores da classe
trabalhadora. O feminismo de Emma Goldman tinha um caráter abstrato de liberdade para as
mulheres em todas as coisas, em todos os tempos, e em todos os lugares; seu feminismo
tinha uma origem diversa que das classes trabalhadoras. Goldman representava o feminismo
defendido no movimento anarquista da década de 1890 [e depois]. Os intelectuais
anarquistas questionariam Lucy Parsons sobre suas atitudes com relação a questão das
mulheres."
Fontes:
Pensadores Anarquistas e Militantes Libertários - Arquivo de História Social Edgar
Rodrigues (http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/pensadoresanarquistas.html#9)
The Lucy Parsons Center Collective (http://lucyparsons.org/)
"Lucy Parsons" Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lucy_Parsons)
* Carolyn, Ashbaugh escreveu o livro: "Lucy Parsons: American Revolutionary" lançado pela
editora de Chicago: Charles H. Kerr Publishing, em 1976
(http://www.charleshkerr.com/author/46).
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