(pt) Federacao Anarquista Gaucha - OPINIÃO DA FAG: O dia 18/06: estado de exceção e o egoísmo de uma certa esquerda (en)
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Domingo, 22 de Junho de 2014 - 13:41:44 CEST
O ato "Copa sem povo, to na rua de novo" realizado no dia 18/06 e organizado pelo Bloco de
Luta de Porto Alegre foi emblemático em diversos sentidos. O primeiro deles diz respeito
ao forte aparato repressivo - mais de 1.000 (mil) policiais militares, entre choque,
cavalaria e auxílio de um helicóptero - e à tática utilizada pelas tropas de impedir a
realização da marcha. Considerando o número de manifestantes - não mais que 200 pessoas -
trata-se de um contingente desproporcional digno de ditadura militar. Um contingente
repressivo que abusou de bombas de efeito moral e balas de borracha, causando ferimentos
profundos em manifestantes e jornalistas. Ironicamente, dias antes alguns jornalistas
haviam participado de um curso ministrado pela Brigada Militar, solicitado pelo Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do RS, de como se portar durante manifestações para se
protegerem fisicamente. Além disso, durante e depois da concentração do ato houveram
várias tentativas de intimidação, seja por parte dos P2 (agentes infiltrados), de notícias
veiculadas pelo twitter da zero hora dizendo que o Batalhão de Operações Especiais
estariam portando armas letais ou pelo estranho "não funcionamento" da linha telefônica da
equipe jurídica do bloco.
Contingente digno de um Estado de Exceção.
Consideramos que a responsabilidade de todas essas atitudes deve ser imputada ao
governador Tarso Genro/PT, já que é ele o comandante maior da BM. Atitudes covardes e
anti-democráticas das forças repressivas que atentaram contra o direito à manifestação,
não nos deixando sequer distribuir os cerca de 5.000 panfletos destinados à população de
Porto Alegre.
O segundo aspecto emblemático diz respeito à ausência do PSTU e da corrente interna do
PSOL, o MES, da manifestação. O mais intrigante é que no dia anterior ao ato, militantes
de ambos os grupos políticos forneceram declarações à famigerada Zero Hora, vinculada ao
Grupo RBS, falando do porque de suas não participações no ato do dia seguinte.
(http://zh.clicrbs.com.br/rs/esportes/copa-2014/noticia/2014/06/militantes-do-pstu-e-psol-nao-irao-a-protesto-do-bloco-de-luta-nesta-quarta-4529147.html)
Sem entrar no mérito de possíveis distorções desse jornal acerca das declarações, mas de
antemão rechaçando a postura dessas 2 agrupações que constantemente dialogam com esse
veículo podre da burguesia gaúcha e considerando que não será outro o papel desse
oligopólio que vem há tempos criminalizando os movimentos sociais, queremos registrar o
desserviço que esses grupos fizeram ao não participar do Ato e anunciar isso na ZH. Num
momento de conjuntura de forte criminalização e repressão aos que lutam, inclusive com
militantes desses 2 partidos sofrendo processos políticos por se manifestarem, deixar de
tomar parte de um processo de lutas por divergências "políticas (?)" é para nós uma
atitude nada solidária e nada coerente com os princípios do Socialismo e da tradição de
luta dos trabalhadores que esses grupos reivindicam.
Batalhão de choque isola a rua em que o Bloco iria marchar.
Porque a juventude e os militantes sindicais desses partidos não tomam parte do Bloco e
não defendem de forma contundente a linha que consideram mais justa? Porque não defendem
uma linha conseqüente nas categorias que possuem militância para que setores do movimento
sindical construam o Bloco desde seus locais de trabalho? Às primeiras divergências que
aparecem e se "NÃO É COMO NÓS QUEREMOS" se pula fora??? A participação com peso só vale
naquilo que é construído por esses partidos desde os seus aparatos sindicais??? Uma
postura recuada e oportunista que ataca outros setores para ir construindo terreno para
candidaturas que buscarão se eleger às custas das lutas realizadas.
Consideramos essa postura nem um pouco coerente para quem afirma com a boca cheia a
necessidade do não isolamento político do Bloco perante o grosso da população de Porto
Alegre. Assim como entendemos incoerente incorrer numa postura que intencionalmente ou não
acaba por criminalizar adeptos da tática Black Block e o próprio Bloco de Luta ao agir
como informante da mentirosa e mafiosa RBS.
Momento em que o Batalhão de Choque joga a primeira bomba de efeito moral.
Nós e as organizações que compõem a Coordenação Anarquista Brasileira temos plena
consciência de que esse ano a tônica tem sido dada pelas bases de diversas categorias de
trabalhadores porque elementos da conjuntura assim indicam. No entanto, nossa militância
não irá se furtar de construir, dentro de nossas possibilidades, cada Assembléia e Ato do
Bloco de Luta pelo Transporte Público, independente das decisões que ali forem tiradas,
porque para nós, é o processo de debates, de tomada de decisão e de organização
compartilhada pelo maior número de pessoas no marco do Bloco que será possível forjar,
pela prática e pelas experiências vividas, um sujeito que de forma organizada e
estratégica avance para arrancar conquistas.
Se tocam a um/a, tocam à todos/as!
Porque solidariedade sempre será mais que palavra escrita!
Para os pobres, desempregados, sem-teto, sem terra, NÃO ESTÁ TENDO COPA!
E na Copa sem Povo, estaremos na rua de novo!!!
Federação Anarquista Gaúcha - FAG
Integrante da Coordenação Anarquista Brasileira - CAB
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