(pt) Anarkismo.net: A PEC 215 e a ofensiva contra os povos indígenas by BrunoL (en)
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Sábado, 7 de Junho de 2014 - 16:53:26 CEST
A Proposta de Emenda Constitucional de número 215 (PEC 215), tramitada a partir do ano
2000, é um franco e direto avanço das forças conservadoras contra os direitos dos povos
originários (indígenas). A base de seu funcionamento, caso venha a ser aprovada, repousa
nos seguintes itens. ---- A Proposta de Emenda Constitucional de número 215 (PEC 215) é um
franco e direto avanço das forças conservadoras contra os direitos dos povos originários
(indígenas). ---- Começa iniciando com a mudança de poder concedente, alterando a
competência da demarcação das terras reconhecidas pela Constituição Federal de 1988 como
sendo parte do direito ancestral dos primeiros habitantes do Brasil. Assim, o Poder
Executivo deixaria de ser este responsável passando a tarefa de demarcar (ou não) as
terras das nações originais para o Congresso Nacional.
Outras duas atribuições também passariam ao Poder Legislativo Federal. Uma alterna a forma
de regulamentação destes territórios. Hoje a demarcação é aprovada por decreto e, com a
PEC 215, viria a ser como lei.
Deste modo, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) como órgão especializado no tema,
proporia menos políticas indigenistas, ficando na tutela do Congresso. Nas duas casas, a
bancada do latifúndio e agronegócio (atendendo pelo eufemismo de "setor produtivo
primário") tem sobre-representação e abundante poder de barganha. Junto com esta
atribuição, vem a possibilidade de perda do direito adquirido, pois estaria prevista na
mesma emenda constitucional a chance de revisar terras já demarcadas.
As terras indígenas e de quilombolas deveriam ter sido totalmente demarcadas no período de
cinco anos após a promulgação da carta magna. Caso ocorresse, ao invés de discutir o
factóide surreal do plebiscito sobre república ou monarquia em 1993, deveríamos haver
concentrado todos os esforços nacionais para o reconhecimento do direito ancestral. Mais
de 25 anos se passaram e agora o vitorioso modelo agrícola em grande escala visando à
exportação avança por cima dos primeiros brasileiros.
Os direitos dos povos originários e quilombolas transcendem sua própria existência. Se o
país não o reconhece, é porque no mundo real, toma posição a favor de uma cultura
predatória dos recursos naturais limitados e faz o elogio dos bandeirantes e seus
descendentes.
As sementes transgênicas são precedidas pela titulação de terras públicas, grilagem e
devastação. Caso o Brasil empenhe todos os esforços no reconhecimento deste direito e na
consequente execução, daremos um largo e seguro passo para revisar a própria história e
condenar o genocídio indígena e a escravidão africana em todas as suas dimensões. Resta
saber que país é este?
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