(pt) Anarkismo.net: Brazil, A falácia do Banco Central independente by BrunoL (en)
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Sábado, 19 de Julho de 2014 - 12:39:13 CEST
Um dos temas de fato proibidos para os candidatos favoritos na próxima eleição
presidencial é a subordinação do Banco Central (BC) à vontade política dos eleitores. A
cartilha neoliberal defende a "independência" da autoridade monetária, de modo que esta
não seja "politizada". Este absurdo conceitual até poderia ser considerado esdrúxulo caso
não fosse tão perigoso. Tornar independente da vontade soberana - ainda que exercida de
forma indireta - o centro nervoso dos recursos coletivos é como condicionar a capacidade
de governo a um gesto de obediência ao sujeito oculto e onipresente chamado de "mercado".
---- O Banco Central "despolitizado" e sob gestão "técnica", é simplesmente a subordinação
da autoridade monetária aos interesses dos operadores financeiro.
Não é um privilégio brasileiro tamanho absurdo. Nos Estados Unidos, a transição dos
governos republicanos de Reagan e Bush pai para os dois mandatos de Clinton assistiu a
continuidade da gestão de Alan Greenspan à frente do Fed, o Banco Central da
superpotência. Após, na passagem de Bush Jr para Barack Obama, o sucessor de Greenspan,
Ben Bernanke, também fora mantido no cargo (ainda em exercício). O resultado desta
continuidade neoliberal à frente do Fed foram no mínimo três crises internacionais, sendo
que a última - disparada em setembro de 2008 - representou a maior transferência de fundos
coletivos para controles privados da história da humanidade. Os estadunidenses elegeram
seu primeiro presidente afro-americano, trazendo tímidos ventos keynesianos. Mas, sua
equipe econômica está recheada de homens de confiança de Wall Street e dos fraudadores da
bolha gerada pela venda de hipotecas podres.
No Brasil temos uma cartilha assemelhada com saudáveis variações. As regras são mais
rígidas para o capital financeiro e não chegamos a índices de alavancagem de 1 para 33,
como nos EUA de Bush Jr. Ainda assim, as normas sagradas do neoliberalismo são mantidas:
BC independente, câmbio flutuante e contenção dos gastos públicos. Esta última é outra
falácia. O Estado pode gastar à vontade, desde que seja para alimentar a roleta
financeira. Para tanto, a autoridade monetária deve ser de confiança do "mercado" (dos
especuladores) e não subordinada ao interesse público. Quando a taxa selic
progressivamente começou a declinar, diminuindo o custo do dinheiro e encurtando o tamanho
do rombo da rolagem da dívida, os "especialistas" acusavam o BC de estar perdendo
"autonomia". Já, quando a selic sobe, comemoram o acerto "técnico".
O BC "despolitizado" e sob gestão "técnica", é simplesmente a subordinação da autoridade
monetária aos interesses dos operadores financeiro.
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