(pt) Organização Resistência Libertária [ORL/CAB] - INFO 4. PROTESTAR NÃO É CRIME - LIBERDADE A ERIC! (en)
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Terça-Feira, 8 de Julho de 2014 - 15:08:20 CEST
"[...] só sou verdadeiramente livre quando todos os seres humanos que me cercam, homens e
mulheres, são igualmente livres [...] apenas a liberdade dos outros me torna
verdadeiramente livre [...]" Mikhail Bakunin ---- Nós, da Organização Resistência
Libertária [ORL], integrante da Coordenação Anarquista Brasileira [CAB], estamos
solidários e clamamos pela liberdade do estudante Eric, preso na manifestação da última
sexta, dia 4 de julho. Essa prisão foi apenas mais uma tentativa de calar os movimentos
sociais combativos de Fortaleza e de silenciar o grito que vem das ruas. ---- A
manifestação do dia 4 foi puxada contra as injustiças da copa, mas abarcava também outras
questões, como por exemplo, o passe livre. A caminhada teve início horas antes do jogo
entre Brasil x Colômbia e tinha como destino final as imediações do Estádio Castelão. O
braço armado do Estado (COTAM) forçou o fim do ato detendo mais de 30 militantes. Um
ônibus da PM foi chamado para levar os manifestantes até a delegacia, que estava com o
sistema fora do ar, e por conta disso, os comp s foram liberados, sendo primeiro os
adolescentes e posteriormente os adultos. Mas, Eric acabou ficando preso injustamente, sem
direito a fiança, sendo acusado de dano ao patrimônio "público", desacato a autoridade e a
um artigo do estatuto do torcedor.
A violência estatal é sistemática contra aqueles que se levantam contra esse sistema
repressivo, patriarcal, injusto e desigual. Tão logo, aqueles oprimidos que estão de pé na
luta contra o regime vigente serão vistos como uma ameaça a (des)ordem política e
econômica estabelecida pelo Estado e pelo Capital. Dessa forma, a prisão de Eric se
configura como uma prisão política, assim como, muitas outras que foram feitas
arbitrariamente nos últimos meses.
Desde Junho de 2013 diversas foram as invasões sem mandado judicial e vários foram os
presos/as políticos. A onda repressiva de um ano pra cá tem início com a invasão na sede
da Federação Anarquista Gaúcha (FAG) em Porto Alegre, mas precisamente no dia 20 de junho
de 2013. Agentes da polícia federal invadiram e apreenderam sem ordem judicial vários
materiais de propaganda da organização política. No segundo semestre de 2013, uma marca
que ficou nas manifestações foi à repressão desproporcional, um aparato fortemente armado
nas ruas para barrar qualquer forma de protesto.
O governo federal depois de junho de 2013 resolveu municiar as forças policiais e
militares para conter qualquer forma de manifestação durante a Copa do Mundo FIFA.
Paralelo a isso, vários mandados de busca e apreensão foram expedidos pela esfera
jurídica/Estatal.
No início de 2014 os movimentos sociais combativos das principais cidades brasileiras,
principalmente nas cidades que sediariam os jogos da copa, começaram a puxar atos contra a
realização da copa. Fortaleza, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras cidades,
ascenderam às chamas das mobilizações de rua, que tinha como temática central: copa,
remoções, transporte coletivo e etc.
Outro ponto que mobilizou as manifestações em 2014 foi à tarifa e os problemas que
envolvem a concepção mercadológica do transporte coletivo, como: o valor altíssimo da
passagem, o aumento da tarifa em determinadas cidades e à máfia do transporte.
No dia 22 de janeiro de 2014 a luta permanente contra a máfia das concessões e pela
implantação da tarifa zero em Joinville ganhou uma nova página, três militantes que
encampavam as respectivas lutas foram presos após retornarem de uma manifestação. Dos três
militantes, dois eram do MPL [Joinville] e integravam também o Coletivo Anarquista
Bandeira Negra [CABN]. O outro militante integrava a frente de luta pelo transporte
Público. Os militantes já foram chamados para uma primeira audiência e aguardam serem
convocados para um segundo momento na esfera jurídica.
A Frente de Luta Pelo Transporte Público de Goiânia também foi fortemente atacada pelos
órgãos repressivos do Estado. A luta por um transporte verdadeiramente público em Goiânia
ganhou força no mês de maio com fortes manifestações, tendo a juventude periférica e a
frente de luta como os protagonistas das mobilizações contra o aumento da tarifa, que
passou de R$ 2,70 para R$ 2,80. Os monopólios do transporte coletivo com seu lobby junto
ao Estado pressionaram para que fosse instaurado um inquérito policial e em caráter de
urgência fosse decretado prisão preventiva para diversos manifestantes que estavam em
luta. Três militantes foram presos no dia 23 de maio, só sendo libertados dias depois.
O caso mais emblemático é o do morador de rua Rafael Braga do Rio de Janeiro, que foi
preso durante uma manifestação sem nenhuma prova real contra ele. No Rio, além da prisão
de Rafael, tivemos a comunidade da Maré privada da liberdade. O terrorismo de Estado, que
cercou e invadiu o complexo da maré com o claro desejo de prender em seu território a
população pobre e negra da Maré, faz parte do "legado" da Copa, que buscou e está buscando
controlar as classes oprimidas antes e durante a copa da FIFA. Além disso, a copa também
deixou milhares de famílias removidas, 14 mortos nas obras da copa, rios de dinheiro com
alta lucratividade para a FIFA e uma imobilidade urbana que favorece o lucro das empreiteiras.
Em Fortaleza, as fortes e intensas manifestações de abril e maio por conta do bloqueio das
carteirinhas de estudante levaram centenas de jovens às ruas. As mobilizações agregaram os
estudantes secundaristas, a juventude periférica e os movimentos que lutam pelo passe
livre. As batalhas entre a pressão popular e as forças repressivas (guarda municipal,
batalhão de choque da PM e policia civil) criou em Fortaleza um verdadeiro Estado de
exceção e sítio, em que esse contexto e a desproporcionalidade entre os sujeitos
antagônicos (movimentos sociais combativos versus repressão) levaram nos últimos três
meses mais de cento e vinte militantes as delegacias da cidade para assinarem TCO (termo
circunstancial de ocorrência). Inclusive militantes da ORL, do MPL (Fortaleza), da
Assembleia Anticapitalista, e outros independentes entre outros, assinaram e aos poucos
estão sendo intimados a comparecer ao juizado criminal ou a determinadas delegacias da cidade.
Muitos militantes que foram presos ou estão sendo investigados já foram intimados para
depor. Mas, o caso de Eric é diferente, o estudante continua preso pela repressão, preso
pela criminalização dos protestos e das classes oprimidas. A prisão do companheiro é um
duro golpe para todas e todos que lutam, pois, todos aqueles que buscam a transformação
social, logo serão caçados e reprimidos pelo terrorismo do Estado. Não esqueçamos, a
prisão de Eric é uma prisão política! A forma de expressar politicamente sua insatisfação
com o status quo foi protestando e PROTESTAR NÃO É CRIME!!!
Liberdade para ERIC e para todos os presos políticos!
Pelo fim da polícia militar!
Protestar não é crime!
Organização Resistência Libertária [ORL/CAB] - 07.07.2014
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