(pt) Anarkismo.net: ISIL, Wahabbismo e petrodólares: a pior das alianças - jornalismo B, 2ª quinzena de junho 2014 by BrunoL
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Sábado, 5 de Julho de 2014 - 07:32:52 CEST
Este artigo foi escrito ainda na primeira quinzena de junho, quando o Estado Islâmico
ainda não havia proclamado seu califado. Vale analisar a absurda aliança, tolerada pelo
Departamento de Estado e o Pentágono, onde o fluxo de recursos advindos da monarquia
saudita, jorravam nos fundos de manutenção do racha ainda mais conservador e medieval da
Al-Qaeda. O inferno continua no Mundo Árabe sob a lógica da geopolítica. ---- O ISIL
representa a pior interpretação possível do integrismo sunita; sua ascensão é diretamente
vinculada a presença dos EUA no Iraque. ---- O integrismo tem novo protagonista com o
avanço, na frente iraquiana, do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL, na sigla em
inglês). Fundado por um ex-professor universitário, Abu Bakr al-Baghdadi, o ISIL operou em
duas frentes (Síria e Iraque), e com a fusão junto ao grupo na frente da guerra civil
síria Frente Nusra, tomou a dianteira do jihadismo na região. Sua liderança tende a
catalisar os jihadistas sunis, pois não reconhece o herdeiro formal da Al-Qaeda, Al
Zawahiri. O lema desta organização é: "Sheikh Baghdadi e Sheikh Osama Bin Laden são
semelhantes". Embora esta organização não seja novidade para os especialistas e
sobreviventes do Mundo Árabe, é importante para a opinião mundial saber que os grupos
armados do wahabbismo são os filhos bastardos dos petrodólares jorrando através das redes
de inteligência coordenadas pelas monarquias da Arábia Saudita e Qatar.
Ao longo dos mais de três anos de guerra civil síria, um conflito que organiza a oposição
de maioria sunita em dois grandes campos, o ISIL representa o dinheiro saudita e qatari.
Do outro lado da trincheira, o Exército Livre da Síria, oriundo dos rachas da estrutura do
exército nacional outrora controlado pelo clã Assad, opera com recursos da República da
Turquia e é visto com simpatia pela Casa Branca. Os estrategistas do Pentágono esbarram na
vontade política autônoma e meio suicida das elites árabes sunitas, bilionárias e
conservadoras. Adeptas da transnacionalização das guerras sírias e iraquianas, acabaram
por transformar ambos os campos de batalha em um conflito civil e comunitarista (sectário)
entre sunitas e xiitas. O desequilíbrio se dá na autonomia operacional do ISIL e sua
motivação guerreira, com um pé na selvageria e outro nas relações públicas por internet.
Na batalha pela importante cidade de Mosul, 30.000 soldados "iraquianos" debandaram diante
de 800 jihadistas, abandonando o local estratégico. O governo do primeiro-ministro xiita
Nouri al-Maliki sabe que se o ISIL avançar mais, o que resta de seu governo e Estado
fantoche estará à beira de um colapso. O apoio saudita e das redes wahabbitas levou ao
Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL em inglês) a ser hegemônico em um terço do
Iraque original e garantir autonomia operacional em área equivalente na Síria. Palmas para
os estrategistas do Pentágono e o lobby do petróleo que não rompe com as monarquias árabes
e seu jogo duplo junto aos integristas sunis.
Que país é esse chamado Iraque após a 2a invasão dos Bush?! A obra nefasta dos sócios dos
Bush e Dick Cheney avança a menos de 100 kms de Bagdá. O racha - ou a nova geração da
Al-Qaeda - o Exército pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Levante é a denominação
histórica do Oriente Médio) já controla mais de um terço do território iraquiano e roubou
mais de USd 425 milhões em seu avanço em Mosul, a segunda maior cidade do "país".
Resultado: talvez os jihadistas sunis não vençam, mas decretam o obituário da ficção
jurídica chamada Iraque pós-Sadam Hussein.
Bruno Lima Rocha é professor de relações internacionais e de ciência política
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