(pt) União Popular Anarquista UNIPA - Mapa da Violência: jovens e negros na mira assassina do Estado
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Quarta-Feira, 20 de Agosto de 2014 - 17:06:36 CEST
Vivemos uma conjuntura de grave endurecimento da repressão policial às populações
marginais e pauperizadas das periferias, aldeias, quilombos e favelas, bem como aos
trabalhadores em seus locais de trabalho, estudo e demais locais de moradia. Temos visto
também que os esforços do Estado em criminalizar os movimentos sociais, tratando as
contradições sociais e materiais da sociedade brasileira como caso de polícia, tem se
tornado ainda mais rigorosos, com o monitoramento de conversas entre manifestantes detidos
e seus advogados, prisões durante a madrugada, apreensão de panfletos e livros como
provas, e a morte de manifestantes depois de manifestações em circunstâncias suspeitas.
Percebemos que o aparelho repressivo do Estado, se valendo de práticas da ditadura, que
continuaram sendo empregadas contra as periferias, é novamente acionado contra as
manifestações de rua e contra os lutadores do povo de forma escancarada.
Dados do "Mapa da violência 2014: Os jovens do Brasil", que dizem respeito ao período até
o ano de 2012, permitem concluir três coisas a respeito da violência: 1) se concentram na
faixa etária da população jovem, notadamente a masculina; 2) tem crescido nas cidades do
interior e permanece alta nas capitais; 3) tem aumentado entre pardos e pretos e
decrescido entre os brancos. Esses dados deixam claro que é sobretudo a juventude pobre e
negra quem se torna vítima da violência. Segundo o documento, podemos observar "o brutal
incremento dos homicídios a partir dos 13 anos de idade: as taxas pulam de 4,0 homicídios
por 100 mil para 75,0 na idade de 21 anos. Nessa faixa são taxas que nem países em
conflito armado conseguem alcançar".
As ações policiais longe de combaterem à violência, como a imprensa e o governo defendem,
reproduzem seus padrões. Isso pode ser observado no dado da pesquisa Desigualdade racial e
segurança pública em São Paulo (GEVAC/UFSCAR) de que a taxa de mortalidade nas ações
policiais no estado de São Paulo em 2011 foi 2,8 vezes maior quando a vítima era parda ou
preta. A razão de vítimas de homicídios entre os pretos e pardos no Brasil até 2012 se
comparadas à da população branca era muita próxima, 2,7 vezes maior. Há uma tendência a
que a violência se acentue na população jovem pobre e negra, e a ação policial apenas
confirma essa mesma tendência.
Amarildo Dias de Souza, morador da favela da Rocinha, trabalhador da construção civil, foi
assassinado por policiais da UPP. O seu desaparecimento na noite de 13 de julho de 2013
gerou uma ampla revolta contra a polícia e a repressão.
No Rio de Janeiro, a tirania policial representada pela instalação das UPPs nas favelas,
sob pretexto do combate ao tráfico e à violência, têm como objetivo assegurar o monopólio
da violência pelo Estado e a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. O Estado de
Exceção acionado para a realização dos megaeventos é provavelmente a única herança deixada
para a classe trabalhadora, o que torna imperativo sua organização para responder às
investidas do Estado e do Capital contra seus direitos.
Os moradores de regiões de periferia têm respondido à violência policial através da ação
direta (fechameto de ruas, queima de ônibus, barricadas, etc). Essa resposta legítima do
povo contra a violência do Estado é criminalizada pelos reformistas, que condenam o
"vandalismo", tentando instrumentalizar a indignação popular pela via legalista e
eleitoreira, e pela imprensa, que justifica a ação policial dizendo que se tratam de ações
pela pacificação, rotulando toda a indignação popular como ligação com o narcotráfico.
Como já dissemos, a campanha contra o vandalismo não é uma campanha contra a violência,
mas uma campanha a favor da acumulação de capital e pelo direito da propriedade privada.
Por último, é importante reafirmar que a violência é sobretudo um reflexo das contradições
de classe que fundamentam a sociedade, e que nesse sentido a população pobre e jovem das
periferias e favelas permanece vulnerável à violência e à criminalidade porque para ela os
direitos a uma existência suportável são negados pelo Estado para garantir a manutenção do
capital. É imediata a necessidade de se amadurecer as experiências de autodefesa dos
trabalhadores contra a violência do Estado. Além disso, é importante que sejam construídos
comitês de autodefesa e luta dos trabalhadores por local de moradia para construir uma
alternativa de resistência à violência institucional, e também para exigir as
reivindicações da classe trabalhadora e barrar o avanço do capital sobre o trabalho em
outras frentes.
Fim da PM já!
Abaixo o extermínio da juventude pobre e negra!
Pela auto-defesa popular!
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