(pt) Jornal da União Popular Anarquista UNIPA - Causa Do Povo #67 - SÍRIA:guerra civil e intervenção imperialista
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Sábado, 12 de Abril de 2014 - 14:41:15 CEST
As disputas pelo controle do Norte da África e do chamado oriente médio se intensificaram
nos últimos meses e trouxeram novos aspectos da disputa Moscou-Pequim e
Bruxelas-Washington. A guerra civil na Síria ganhou contornos regionais e mundiais com
ação das principais potências imperialistas (EUA, França, Alemanha, Inglaterra, Rússia e
China) e de países semiperiféricos como a Turquia. ---- Depois de uma ameaça de
intervenção direta na Síria pelo presidente estado-unidense Barack Obama (Partido
Democrata), reprovada a priori pelo próprio parlamento, o governo Russo articulou um
acordo de entrega de armas químicas sírias com a ONU, que tem gerados rodadas de
negociação em Genebra, na Suíça. Assim, Putin reforçou a posição do eixo Moscou-Pequim
contra a defesa da intervenção militar defendida pelos líderes europeus, encabeçados pelo
socialista François Hollande e Angela Merkel, Obama e o governo Turco de Erdogan.
As disputas em curso
estão dentro de um jogo de
interesses políticos e econô-
micos dos países centrais e
de potências regionais, como
Turquia e Irã. A Rússia tem
interesse fundamental na
manutenção da base militar
naval no porto sírio de Tar-
tus. Além disso, há dispu-
tas energéticas em torno do
fornecimento de gás para a
Europa. O principal fornece-
dor de gás para a região é a
Rússia que através do gaso-
duto Nord Stream,
fornece 40% do
gás da Alemanha e
agora a construção
do South Stream,
que Moscou forne-
cerá gás à União
Europeia, evitando
a passagem pela
Ucrânia. Com isso,
a Rússia acabou
com o projeto do
gasoduto
Nabuc-
co que ligaria Ásia
Central, passando
pela Turquia até
chegar a Europa.
Por fim, há as dis-
putas políticas pelo
controle político do
Norte África, Orien-
te Médio e Ásia Cen-
tral. Neste sentido, que se
insere a questão Síria.
Primeiro pela tentativa
dos países Europeus e ame-
ricanos em controlar a regiãoao
gasoduto Árabe que liga
o Egito a Turquia, passando
pela Jordânia e Síria e abas-
tecendo o Líbano, fortalecen-
do a posição Turca na Região
e sua tentativa de influência
na Ásia Central. Diminuindo
assim, a dependência do Gás
russo. Entretanto, a ação das
potências ocidentais na In-
tervenção Líbia e a instabili-
dade criada entre os diversos
grupos étnicos, criou fortes
resistências internas, mesmo
na classe dominante ameri-
cana, e principalmente no
governo de Putin, uma vez
que a Rússia se absteve no
conselho de segurança dian-
te da proposta de invasão a Líbia.
Assim, a Guerra Civil
Síria, detonada no calor dos
levantes da chamada prima-
vera árabe, foi alçada a um
problema regional e a dis-
puta imperialista. A oposi-
ção síria está dividida entre
grupos salafistas, jihadis-
tas sunitas (Brigadas Liward
al Tawhidi, Ahrar al Cham,
Souqour al Cham) que for-
maram o conselho islâmi-
co, os islâmicos moderados
(Brigadas Al-Farouk), grupos
curdos e o Exército Livre da
Síria (coalização mais pró-
ocidental) que formaram o
Conselho Nacional Sírio. No
inicio do ano foi formado o
Comitê Nacional de Coorde-
nação para Mudança Demo-
crática que negocia com as
potências ocidentais e com a
Liga Árabe.
Com isso, a possibili-
dade de instabilidade políti-
ca na Região com a caída do
governo ditatorial de Bashar
Al-Assad pode gerar proble-
mas para a Israel, devido
a ação de grupos islâmicos
fundamentalistas, e mesmo
para o Irã, que procura esta-
belecer novas relações com
as potências mundiais. Mas
para China, Rússia, EUA e
União Europeia surgiu a ne-
cessidade de manutenção do
domínio político e econômico
da região. O povo da Síria
está nas mãos das potências
do ocidente, da autocracia
do Partido Baas Sírio e de
setores islâmicos, militares
e burgueses nacionais, com
apoio de movimentos socia-
listas colaboracionista que
compõem a oposição. Sem
uma programa e estratégica
e uma intervenção autônoma
nestes eventos, os setores
das classes dominantes ma-
nipularam e direcionaram o
povo rumo a construção de
outros governos cúmplices
da exploração imperialista,
seja pró EUA-União Euro-
peia, seja pró Rússia-China.
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