(pt) Jornal da União Popular Anarquista - UNIPA Causa Do Povo #67 - GREVE GERAL:estratégia de luta contra o Estado e o capitalismo
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Sábado, 5 de Abril de 2014 - 21:19:39 CEST
Em 1917 no Brasil, os trabalhadores paulistas organizados na Federação Operária de São
Paulo (FOSP), no Comitê de Defesa Proletária e, nacionalmente, na Confederação Operária
Brasileira, a COB, convocaram uma greve geral que entrou para a história do Brasil. ---- O
movimento grevista co meçou com a reivindicação de aumento salarial dos operários das
indústrias de tecido no mês de junho de 1917. No mês seguinte o Comitê de Defesa
Proletária publicou uma pauta de reivindicações mais ampla, que incluía a luta contra a
chamada carestia de vida, a adoção da jornada de trabalho de 8 horas por dia e a abolição
do trabalho infantil. Unidos entorno dessa pauta de reivindicações, os trabalhadores de
todas as indústrias, do comércio e dos transportes coletivos aderiram ao movimento.
Durante três dais o Comitê de Defesa Proletária assumiu o controle da cidade de São Paulo.
O governo abandonou a cidade e, no fim, é obrigado a negociar com os grevistas, atendendo
suas reivindicações.
Depois da greve em São
Paulo, trabalhadores de outras
capitais também entraram em
greve: Rio de Janeiro, Recife,
Salvador, Curitiba e Porto Ale-
gre.
1. A atualidade da greve geral
Passados 96 anos da gre-
ve geral de 1917, em meio
ao Levante Popular de junho
de 2013, quando milhões de
trabalhadores e estudantes
tomaram as ruas de pratica-
mente todas as capitais do
país e de diversas cidades,
reivindicando a redução do
preço da tarifa do transporte
público, foi lançada pelas re-
des sociais, como um even-
to no facebook, um chamado
para a realização de uma gre-
ve geral no dia 1° julho. Que
de fato não aconteceu.
Diante da grande adesão
ao evento "greve geral" no
facebook, as centrais sindi-
cais oficiais (CUT, Força Sin-
dical, CTB, UGT, CGTB, NCST,
CSP-Conlutas) iniciaram uma
campanha com o objetivo de
deslegitimar a iniciativa, sob
o argumento de que só elas,
as centrais sindicais oficiais,
teriam a legitimidade de con-
vocar uma greve geral.
Depois, essas mesmas cen-
trais passaram a convocar um
dia nacional de mobilizações e
paralisações, marcado para o
dia 11 de julho. A baixíssima
adesão ao dito dia nacional de
paralisações mostrou que de
fato não era objetivo das cen-
trais sindicais mobilizar os tra-
balhadores, mas sim mostrar
seu controle sob os mesmos e
contribuir para o fim das mo-
bilizações de rua. Ao mesmo
tempo foi uma tentativa de
negar a própria estratégia da
greve geral, uma vez que não
a convocaram, pois o dia 11
de julho foi um dia nacional de
paralisações, não uma greve
geral.
Realmente, uma greve ge-
ral não pode ser o resultado
de um evento marcado das
redes sociais, mas sim o re-
sultado da luta e articulação
organizativa complexa a partir
dos locais de trabalho. Quan-
do diversas categoriais em
luta, organizadas a partir da
base, percebem que suas lu-
tas não são isoladas, que suas
reivindicações são, na verda-
de, reivindicações do conjunto
da classe trabalhadora.
O evento do facebook "gre-
ve geral" mostrou que essa
não é uma estratégia de luta
esquecida pelos trabalhado-
res. E o dia 11 de julho mos-
trou que as centrais sindicais
oficiais abandonaram a luta
real da classe trabalhadora,
e estão mais preocupados em
manter suas burocracias sin-
dicais e em defender o Gover-
no Dilma. Assim, ficamos en-
tre o desejo da juventude de
realizar a greve geral e toda a
estrutura organizativa que im-
pede que ela aconteça.
2. Construir a greve geral contra o Estado e o Capital.
"É barricada, greve geral!
Ação direta que derruba o Ca-
pital!". Essa foi uma das vá-
rias palavras de ordem can-
tadas durante o levante de
junho e as demais manifesta-
ções que se estenderam até
outubro. Trata-se da certeza
de que é necessário a constru-
ção de uma greve geral contra
o Capital, isto é, contra a ex-
ploração burguesa e contra a
opressão do Estado.
O caminho da construção
da greve geral é o trabalho de
base nos locais de trabalho,
moradia e estudo. É a cons-
trução de pautas de reivindi-
cações que atendam ao con-
junto da classe trabalhadora.
É a realização de assembleias
conjuntos de diversas catego-
riais. É a convocação de atos
conjuntos. Por fim, é a parali-
sação geral de todas as ativi-
dades de trabalho. É o levante
do povo trabalhador contra o
Estado e o Capital.
Outra palavra de ordem lan-
çada pelas ruas captura todas
as contradições do momento
histórico: "Não Vai Ter Copa!"
O melhor meio é começar se-
riamente a construção de uma
Greve Geral. Mas essa iniciati-
va só pode ocorrer a partir das
bases e contra a burocracia
sindical. Uma greve geral que
mostre o poder e vontade de
luta dos trabalhadores.
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