(pt) Anarkismo.net: Brazil, Partidos de mentirinha e a política do cinismo (en)
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Sábado, 25 de Maio de 2013 - 13:15:25 CEST
O cinismo e a hipocrisia política é parte estruturante do jogo de cenas construído entre
legendas sem distinção ideológica ou programática ---- Na segunda-feira, 20 de maio, o
ministro e atual presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, afirmou em evento realizado numa
universidade particular de Brasília, que os “partidos políticos são de mentirinha”. Como
venho dizendo aqui nesta publicação, estamos em um momento quando apenas falar o óbvio é
transformador. A política partidária em geral, e o Congresso em particular, são as Genis
da democracia contemporânea. Barbosa apenas reflete a percepção coletiva da falta de
coerência programática, princípios doutrinários e fidelidade ideológica. Falta
problematizar as conseqüências para a tal da governabilidade caso houvesse tal coerência.
---- Qualquer sistema político-partidário longevo vê na fidelização das organizações
políticas uma forma perigosa de polarizarem-se as posições.
Caso os partidos tenham uma real unidade programática e certa regularidade tática,
viveríamos momentos semelhantes aos “turbulentos” anos ’80. À época, o atual partido de
governo recusava-se a tecer algum tipo de aliança com as forças que participaram da
transição através da Abertura lenta, gradual e restrita. De fora para dentro, o reformismo
forçava os portões do Estado e criava uma elevada tensão de classe no país. Boa parte das
forças sociais aglutinara-se em torno do PT, da CUT e da Teologia da Libertação. O tom da
campanha de Lula em 1989 refletia esta acumulação. Na primeira década do século XXI, os
ex-reformistas chegam ao poder Executivo, e o preço foi tornar-se idêntico aos antigos
adversários.
Uma década se passa e, em 2013, os partidos de “mentirinha” pelas palavras do mais popular
ministro do STF, garantem em seu “toma lá dá cá” diário a “paz social” necessária para
manter a tal da governabilidade. Não estou dizendo com isso que uma democracia
representativa estável tenha como alicerce apenas o cinismo e o sentido de sobrevivência.
Mas, sem abrir mão de programa, finalidade e ideologia, a política torna-se essencialmente
conflito.
Ainda neste mês de maio, materializaram-se os conceitos emitidos por Barbosa na palestra.
No plenário do Congresso, durante a votação da MP dos Portos – rebatizada de MP dos
“porcos” pelo controverso deputado Garotinho (PR-RJ) - observamos como a representação
parlamentar se digladiava por interesses não declarados. Capitais estabelecidos
confrontavam novos entrantes através da fala de deputados e senadores. Particularmente,
prefiro uma democracia baseada na organização popular e nas forças sociais mobilizadas do
que tamanho espetáculo de cinismo.
Bruno Lima Rocha
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