(pt) Anarkio.net: Neoliberalismo do Plano Real após 19 anos - Continuação ... (en)
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Sábado, 18 de Maio de 2013 - 16:00:57 CEST
Os governos liquidaram o estoque de empresas estatais construídas ao longo do período do
pós-guerra. Embora as gestões de esquerda criticassem as ações das gestões de direita,
elas mantiveram o ritmo de privatizações e de concessões, que é uma privatização
disfarçada. Depois da siderurgia, petroquímica e mineração, foram privatizadas/
”concessionadas” as energéticas, as teles, parte da Petrobrás e do sistema financeiro
publico. Não restou tanto ativos disponíveis para o futuro. As privatizações e concessões
se mantiveram firmes, com regulamentações frágeis feitas pelas agências (modelo de
influência anglo-saônica) que atendem pequenos grupos, oligopólios de empresários ou
empreendedores, principalmente os mais chegados das administrações, seja de direita ou
esquerda, eliminando a participação direta e orgânica da sociedade civil, aumentando o
poder desses lobbys, sobre a bênção dos gestores públicos.
Se manteve a dolarização da divida publica e que protege potencialmente parte do setor
privado endividado em dólares face as eventuais desvalorizações cambiais que ocorrem, mas
continuam “socializando” o prejuízo nas finanças publicas, o que é uma das graves
inconsistências persistentes do Plano Real, A política monetária, baseada na manutenção de
juros artificialmente altos tornada uma prática recorrente em todas as gestões, estimula
uma captação elevada de capital especulativo volátil e não contribui para a entrada de
capitais de risco. Mais grave são as facilidades que as grandes empresas, especialmente as
multinacionais,encontram por terem acesso direto a taxas internacionais bem mais baixas,
destruindo as condições de competitividade das médias e pequenas empresas nacionais
expostas a um processo acelerado de desnacionalização da economia. Como sempre, as taxas
elevadas de juros comprometem o crescimento econômico, prejudicando a capacidade de
arrecadação fiscal, além de deteriorar as finanças publicas.
Os governos aceleraram o programa de privatizações e concessões, tudo com receita corrente
do setor publico. Houve crescimento explosivo do endividamento publico, associado ao
déficit de transações correntes e ao cenário internacional configurado pelas crises
recentes, que impeliram a taxas de juros elevados de uma política conservadora, que
procura preservar reservas cambiais e continuará a deteriorar as finanças publicas do
país. Com esse estoque da divida publica e taxas de juros anexadas à ancora cambial, as
finanças publicas se tornaram reféns da privatização e concessões, uma entrega
desavergonhada dos bens públicos para o setor privado nos moldes da terceirização do
século XXI, que atende ao retorno dos moldes do inicio da revolução industrial de 250 anos
atrás, extremamente agressiva aos trabalhadores, aos oprimidos e explorados nessas
condições. O vilipêndio ao patrimônio publico foi uma prática constante de todas as
gestões (direita e esquerda), que abusaram a ponto de termos repetidos escândalos
financeiros, envolvendo as diversas gestões do Plano Real.
A estabilização promoveu um efeito renda no inicio do programa. O fim das elevadas perdas
salariais, estabilizados por baixo ao fim da transição para URV, associada a um
recuperação do salário mínimo e ao endividamento crescente das famílias, com a retomada do
crédito ao consumidor, elevaram a demanda agregada e o nível de consumo, especialmente de
bens de consumo duráveis. O aumento da oferta agrícola manteve baixo o custo de vida no
primeira fase do programa, mas que ao longo desses 19 anos sofreu reajustes que agora
indicam a volta do processo inflacionário e acionando o mecanismo que após essas quase
duas décadas, estava em desuso: gatilho salarial e indexação de preços. Os sucessivos
modelos assistencialistas, a forma dos governos mantiveram os mais pobres sobre controle
dentro da desigualdade social mantida pelo plano, criou uma ilusão e uma bolha de miséria
controlada. Além disso, houve alterações nos indicadores de consumo de forma a reduzir os
parâmetros de cada grupo, introduzindo artificialmente uma camada da classe D no na classe
C. Isso de acordo com a prática recorrente das gestões em modelar por baixo as condições
de acesso as necessidades básicas e bem estar. Embora essa tentativa bem inflada por uma
propaganda maciça dos governos, os 40% mais pobres do país ainda se apropriam com 7% da
renda nacional exposta no PIB.
As taxas de desemprego oscilaram nesse período, mascarado por uma metodologia inadequada
para o mercado de trabalho brasileiro, mantendo sempre artificialmente indicadores baixos.
Esse tipo de situação de manipulação dos dados e controle dos mesmo não é exclusividade do
Brasil, na Argentina as fraudes estatísticas saíram do controle de tal modo que não se
confiam em nenhum valor apresentado pelo governo argentino.
O projeto neoliberal e a coalização conservadora que sustentou e sustenta os diversos
governos nesses 19 anos, mantiveram o modelo sindical oficial e todos os demais
instrumentos de controle sobre os sindicatos e de intervenção nas negociações coletivas,
isso é mais irônico quando se entende que as três últimas gestões (10 anos
aproximadamente) estavam nas mãos de uma esquerda dita “trabalhadora” e perseguida pela
direita. Eliminaram a política salarial e toda intervenção do Estado na determinação dos
salários, uma desindexação que deixou a patronal com a faca e o queijo na mão, pois
transferiu a determinação dos salários diretamente para mercado e nele, para a correlação
de forças entre trabalhadores e empresários (empregadores e empregados), tornando a vida
dos trabalhadores num drama infindável de subempregos e terceirizações que forçam a total
desunião dos trabalhadores, assombrados pelo desempregos em massa.
De tal forma, com um controle sindical fascista dos tempos da ditadura de Vargas, se
dificulta a estruturação organizativa em busca de emancipação dos oprimidos e explorados.
Em resumo, embora o modelo/paradigma do plano tenha se “consolidado” em cada governo, a
situação da população continuou da mesma forma, sem investimentos na educação e saúde,
base para o bem estar “Real”, com políticas maquiadoras dos problemas e uma gasto
exorbitante em campanhas e discursos mentirosas sobre melhorias sociais que só acontecem
no papel e na propaganda, a população necessita de se educar em busca de romper com a
estrutura estatal e capitalista que a consome, sem nenhuma perspectiva emancipatória no
final desse “desenvolvimento sem fim”, que na Real, não passa de uma enganação bem
disfarçada por “experts” que só atendem as demandas dos poderosos, que foram os únicos
beneficiários nessa duas décadas, como sempre foram nos anos e governos anteriores.
A luta por nossa emancipação, esse é o plano real de fato!
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