(pt) Anarkismo.net: Coréias, conflito permanente e beligerância incompleta by Bruno Lima Rocha (en)
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Quarta-Feira, 8 de Maio de 2013 - 13:11:55 CEST
O conflito entre as duas Coréias é uma permanência do período da Guerra Fria que se mantêm
nos dias atuais; para sair da encruzilhada em duas arenas simultâneas, a metade Norte
precisa continuar pressionando Seul e Washington. ---- Ao completar sessenta anos do fim
da Guerra da Coréia, o mais longo conflito do planeta ultrapassou o período da
bipolaridade como um marco permanente da Guerra Fria na Ásia. A península da Coréia é a
zona de maior concentração de tropas profissionais do mundo e vive em estado de guerra,
com nível de alerta alto, desde a divisão em dois países. Neste contexto, ambas as
sociedades foram recriadas dentro de uma lógica de modernização urbana. Para a metade
norte, a capacidade bélica é essencial como fator dissuasório de uma guerra de conquista
do Sul e a conseqüente liquidação do regime e, por conseqüência, deste modelo de sociedade.
Esta é a razão fundamental para a escalada das ameaças beligerantes. Como herdeiro e neto
do patrono do país, Kim Il-sung, o atual mandatário Kim Jong-un necessita do ambiente de
conflito embora não deseje a guerra.
Caso o confronto venha a ocorrer, talvez a Coréia do Norte não resista sequer uma semana
aos ataques aéreos e por tanto necessita de alguma vantagem tática. Esta seria a
mobilidade de seus lançadores de mísseis nucleares, que com certa constância aparecem em
manobras militares de forma bastante ostensiva. Estes lançadores móveis (acoplados em
caminhões militares de seis a oito eixos), podem lançar mísseis contra alvos distantes até
10.000 kms. O Japão e algumas bases dos EUA são alvos prováveis. Seul, em caso de ataque,
não poderia ser quase totalmente destruída. Somente esta possibilidade aponta para algumas
alternativas de resposta pelos sul-coreanos, dentre estas uma de tipo fulminante.
Uma possibilidade é que o aliado dos EUA aceite de um cessar fogo, alcançando a vontade
política do novo governante norte-coreano de permanecer para assim provar ser capaz de
exercer um Poder Executivo forte diante de generais contemporâneos de seu avô, fundador do
país. Simultaneamente, Pyongyang intenta congelar as projeções de poder dos EUA sobre a
existência de um Estado que já fora satélite da União Soviética e da China. Hoje a
sociedade norte-coreana sobrevive de ajuda humanitária, emissão de recursos de cidadãos
emigrados econômicos, assim como de algumas empresas estatais, a maioria pertencendo as
Forças Armadas do país. Da antiga geopolítica do planeta no período anterior, segue
existindo estreita relação entre Beijing e Pyongyang, tanto através de auxílio, relações
comerciais, como de livre fluxo de mercadorias e bens que cruzam pela fronteira seca de
1600 kms entre os dois países.
Da parte da Coréia do Sul, no caso de um conflito com a metade setentrional da península,
haveria a chance de unificar o país, dobrar a área territorial sob jurisdição de Seul e,
por fim, alçar-se à condição de potência regional também na arena militar. Com esta
possível unidade coreana, haveria uma elevação de gastos centrais e uma realidade
semelhante da Alemanha pós-unificação.
É fato, numa escalada de tensão e aumento de manobras militares, a contenção nunca é
total. A probabilidade de guerra, embora pequena, é sempre real.
Bruno Lima Rocha
Artigo originalmente publicado no jornal quinzenal "Jornalismo B", de Porto Alegre; edição
da 2ª quinzena de abril 2013
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