(pt) Anarkismo.net: Quando os cardeais do Congresso falam o óbvio by Bruno Lima Rocha
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Segunda-Feira, 6 de Maio de 2013 - 14:17:18 CEST
Renan deu a dica, apontando o caminho através da lógica de um cardeal do Congresso
acostumado a legislar em causa própria e de seus pares. ---- Se há algo de positivo nesta
crise entre o Supremo e o Congresso é que às vezes, alguns cardeais da política brasileira
terminam por fazer declarações interessantes. Nesta segunda, 29 de abril, tanto o senador
Renan Calheiros (PMDB/AL) como o deputado Henrique Alves (PMDB/RN) disseram o óbvio, mas
que se aplicado, pode modificar as relações de força no país. ---- O ex-ministro da
Justiça de Fernando Henrique declarara que se os poderes não se harmonizarem de forma
horizontal, então as mudanças ocorreriam de fora para dentro. É inevitável e irresistível
a irônica comparação com a fala de Vargas, “façamos a revolução antes que o povo a faça”.
Neste momento, anos luz estamos de qualquer tipo de transformação radical, mas Renan nos
orienta como proceder. A partir das forças sociais, há possibilidade real de mudar o
proceder dos poderes constituídos, redesenhando inclusive algumas atribuições. É óbvio que
para o bom andamento institucional, o ideal seria uma Assembléia Constituinte Revisora,
mas com mandato exclusivo, não arriscando assim a Carta Magna aos desejos mundanos do
baixo clero do parlamento. Mas, enquanto a mesma não chega – isto se um dia chegar – o
caminho é seguir as sábias palavras do ex-aliado de Collor de Mello na república das
Alagoas e fazer o que foi feito durante o impeachment de 1992.
Já Henrique Alves apontou para uma saída interessante. Se caso algum Projeto de Emenda
Constitucional for a voto, que este não seja decidido através de acórdão de líderes
mediante votação simbólica. Tal decisão viria somente através de votação nominal,
obviamente difundida e gravada em rede nacional de TV e reproduzida inúmeras vezes. Esta
conta, como a de aprovar a emenda da reeleição, ou mesmo projetos privatizantes como o da
“reforma” da Previdência, deveria ser paga pelos que nela votaram. Sempre vi a votação
nominal como uma forma de defesa dos representantes diante do isolamento dos
representados. Esta pode ser uma boa ocasião para ratificar o mecanismo de vez.
No país do casuísmo, a PEC 33 e o Projeto dos Novos Partidos são a parte visível do
problema institucional. Aqui o Parlamento pouco legisla e abusa da causa própria, o
Judiciário tem fixação no ativismo e o Executivo faz o que quer com maioria fisiológica e
através de medidas-provisórias. A suposta harmonia entre os poderes é apenas um argumento
de estabilização. Qualquer mudança substantiva, como disse o sábio Renan, terá de vir de
fora para dentro, através da força social dos grupos de pressão.
Bruno Lima Rocha
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