(pt) Aurora Obreira #23 - A anarquia contra o Poder (en)
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Terça-Feira, 12 de Março de 2013 - 11:46:03 CET
Eu sou a anarquia. Eu lhe dou minhas boas-vindas a este livro. Vou intentar a
explicar-lhes muito esquematicamente que a vida que levas pode ser organizada de outra
maneira. Para isso vou me valer de ideias denominadas anarquismo. O anarquismo questiona e
nega o Poder e a Autoridade. Afirma rotundamente que é possível a vida sem essas
abstrações. A única acepção válida para o anarquismo de autoridade é a que emprega essa
palavra como sinônimo de ter competência, experiência ou habilidade. E também posso
aceptar o poder como sinônimo de possibilidade de levar a término algo pela margem do
submetimento de outras pessoas. ---- Para que compreendas que possas intentar prescindir
do Poder, renunciar a dominação, organizar a sociedade sem necessidade de que exista
coação nem violência...
Ou pelo menos que seria possível reduzir tais fatores, e que eu, a anarquia, posso ser
vossa musa, vossa inspiração, vamos retornar aos tempos prévios a aparição dos primeiros
Estados. A reconstrução de como vivíamos nos leva até mais de 50.000 anos, e se realiza
mediante estudos que mostram por boa suposição de que as atuais sociedades que vivem em
níveis de bandos reproduzem aproximadamente o que sucedia naquelas épocas. Não quero
idealiza-los a vida desses povos. Seus costumes são muito diferentes segundo qual se
trate, e alguns muitas vezes muito questionáveis. Tampouco estou propondo que voltem aos
tempos que já passaram. Mas entendo que se desvelamos que forma e que jeito ocorreu a
instauração do Poder e a dominação, poderão livrar-se dele e organizar a vida debaixo do
signo da liberdade e da utopia. Agora vou mostrar-lhes muito brevemente a estrutura
política de um dos chamados povos não estatais.
A vida sem Estado
Somos um bando sem estado formado por umas 20 ou 40 pessoas, sem assentamento fixo, sem
chefia, sem propriedade privada. Ainda temos alguns bandos que mantém uma vida forrageira
nesta sociedade moderna, condenados a desaparecerem. Vivemos da coleta de alimentos
silvestres e da caça. Nossa sociedade é das chamadas igualitárias.
As razões são simples: não podemos ter propriedades, pois temos de carrega-las em nossos
ombros. Nossos utensílios são dos materiais retirados do terreno. Deles (madeiras, pedras,
fibras vegetais) obtemos todo equipamento que precisamos. Não necessitamos armazéns, já
que vivemos mais ou menos para o dia. A totalidade do grupo conhece o necessário para
sobreviver e só temos de toma-los da natureza. As ferramentas estão a disposição de
qualquer um. A população é pequena e a terra grande. Homens e mulheres temos direitos
similares, mesmo que realizemos tarefas diferentes. Não há chefia, porque nada em sã
consciência obedece a quem não dispõe de Poder. O apoio mútuo e a reciprocidade são a base
de nossos intercâmbios, e nosso seguro de vida nos tempos ruins. Se aparece alguém com as
tendências de mandar, para evitar recrutamentos, impostos e opressão, o ignoramos ou o
matamos. E se quem aspira a chefia é demasiado forte ou hábil, nos saímos e formamos outro
bando.
Texto traduzido do livro Anarquismo Básico da Fundação Anselmo Lorenço (em breve o livro
inteiro traduzido!)
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