(pt) Aurora Obreira Revista #27 - Pensando a situação de hoje (texto republicado de outros momentos) (en)
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Domingo, 30 de Junho de 2013 - 10:16:49 CEST
(texto feito e refeito nesses 15 anos de militância ... como determinados fatos repetem e
repetem e repetem e repetem... ) ---- Imagine-se na seguinte situação: ---- Você está no
meio de uma avenida movimentada ao lado de diversas pessoas, muitas das quais conhece há
muito tempo. Você está lado a lado dessas pessoas, gritando palavras de ordem contra o
governo e o sistema, deixando o trânsito parado, tornando o momento muito tenso e
barulhento. De repente, a sua frente forma-se uma fileira de homens de capacete e portanto
escudos. Fecham avenida, perfilados em ordem e silenciosamente olham vocês e todos os
outros através dos óculos escuros. ---- Aguardam o sinal de seu oficial superior, como
cães bem treinados. ---- No ar sente-se a tensão, um momento de silêncio de ambas as partes.
Um policial com megafone solicita o fim da manifestação e a desobstrução da
avenida, restaurando assim “ordem” da cidade, do sistema. Um empurrão,
uma pessoa cai no chão bem perto de você. É o sinal, os policiais começam
a andar ainda perfilados, batendo com os cassetetes nos escudos visando a
dispersão da manifestação, intimando os manifestantes entre os quais,
você. O que fazer?
Sair correndo, manter a calma, ficar paralisado de medo, enfrentar os
policiais, etc.
Existem várias opções que devem ser levadas em consideração e em
poucos segundos, tomar uma decisão e agir. Isso significa não só preservar
a sua integridade física, mas também do grupo, das pessoas ao seu redor e
da própria manifestação.
O presente texto surge tendo como meta a discutir a necessidade de
treino para que nas situações de tensão e eminente perigo de
enfrentamento, tenhamos no mínimo uma ação coerente e respostas
rápidas, muitas das quais depende a integridade moral, física e política de
cada indivíduo e do coletivo.
O primeiro ponto necessário a cada elemento e ao grupo é ter bem claro
o que se quer e como isso ocorre. Indivíduos e grupos preparados
teoricamente significa ações coerentes e clareza de objetivos práticos,
quando se sabe porque luta, luta-se mais e melhor.
Pensar a situação de hoje é essencialmente manter-se informado e em
permanente educação, formando uma base sólida e bem fundamentada
sobre assuntos escolhidos como relevantes. Quando mais conscientes
estiverem o grupo e seus indivíduos, as chances de manipulação
diminuem proporcionalmente e mostra a qualidade da ação direta e
porque fazemos a diferença.
Ao extrapolar as discussões desenvolvendo-as em todo o grupo e mesmo
além dele, gera-se aumento de vínculos internos e externamente uma rede
de apoio. Quebra-se o monopólio das vanguardas e lideranças partidárias,
grandes manipuladoras de movimentos, onde os usa para suas manobras
políticas e suas estratégias reformistas.
Mas isso não será feito no dia da ação!!!!! Devemos nos preparar da
melhor forma que encontrarmos e não ficar aguardando que alguém diga
o que fazer. Lembre-se: As ações e mudanças dependem muito mais de
você.
Pense na situação de hoje e desenvolva questões e respostas como:
a)O que está acontecendo com a região onde vivo e que relação isso tem
o com o mundo?
b)Porque a situação de milhões de pessoas é miserável?
c)Qual o meu papel na região onde vivo e quais as minhas relações com
os outros?
d)De onde vêm a desigualdade e o que pode ser feito independente de
ser legal ou não para diminui-la?
e)O modelo atual econômico-político é a melhor forma de conduzir a
sociedade, não existe outro modo?
f) Agimos coerentemente com nossas convicções e sabemos quais são?
Isso será útil na ação como sua consciência e referencial do porque
lutar, mas não é para “filosofar” em momentos críticos, neles é ação que
conta e não as teses remotas e abstratas. Não adianta discorrer uma tese
sobre a opressão diante de policiais treinadxs justamente em oprimir
conforme sejam mandadxs. Sua atitude nesse momento deve ser rápida,
firme em busca de manter a sua integridade e dxs companheirxs
envolvidxs no ato.
Disso leva a outra questão: como está sua saúde revolucionária?
Estar em dia com o condicionamento físico, tendo uma alimentação
saudável (não estamos pregando que se converta a uma vida vegana, isso
seria pedir demais e essa escolha cabe a você e não por uma imposição,
mas pense seriamente em diminuir nos vícios tais como bebidas, cigarros
e drogas em geral, e praticar mais esportes e uma dieta equilibrada).
Saiba que a maioria do policiais, principalmente de eltite, praticam
esportes regularmente e treinam semanalmente como oprimir e reprimir
a tudo que forem mandados. Assim ocorre nas forças armadas e isso
significa um contingente de quase 2 milhões de pessoas treinadas para
reprimir, oprimir e se necessário “neutralizar” o inimigo, ou seja, matar.
Não pense que estamos fazendo apologia a violência, ela já está feita e é
reforçada pelos noticiários sensacionalistas que pregam aplicação de leis
mais severas, polícias mais enérgicas e mais violência contra quem está
fora do sistema. E isso acaba gerando mais violência e assim vai subindo a
escalada de medo, que útil para manter a população refém.
Mas em todo caso, estamos alertando a importância de resistirmos e
saber como fazer a luta, e nesse sentido, produzimos alguns textos
reforçando o preparo para luta. Não adianta um ideal bem estruturado se
não temos uma base para mantê-lo.
Entre em contato para nos organizar, através de nossos contatos nessa revista ou procure
um coletivo, grupo anarquista mais próximo, se não existir, forme o seu!
Bem estar e saúde pela revolução!
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