(pt) Brazil, Lutar Contra o Aumento da Tarifa Pela Força e Vontade das Ruas! (en)
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Sábado, 15 de Junho de 2013 - 17:27:21 CEST
Quem ganha com o aumento da tarifa de ônibus? Certamente são os donos das empresas que,
além de oferecem um péssimo serviço de transporte público, foram isentos totalmente de
impostos (PIS/PASEP e COFINS) por parte do governo federal. Ou seja, as empresas de ônibus
recebem privilégios do governo e podem aumentar as tarifas para lucrarem mais... Mas
trabalhadores, desempregados e estudantes tem que sofrer diariamente nas péssimas
condições do transporte público do Rio de Janeiro e ainda por cima tem que pagar mais
caro! ---- Ocupando o Palácio Tiradentes. ---- Ônibus, barcas, trens, metrô... somos
diariamente violentados por um péssimo sistema de transporte público. Esperamos em
intermináveis filas, viajamos horas em transportes superlotados e sem manutenção, correndo
risco de vida.
Sofremos com o a violência da ganância, do descaso, da roubalheira, das máfias das
empresas de transporte público, ajudadas pelos governantes a lucrarem cada vez mais.
Na região metropolitana e interior, faltam ônibus para atender os moradores de
determinadas regiões distantes, que esperam horas e muitas vezes pegam dois ou três
transportes diferentes. Trens que quebram frequentemente entre as estações, apertados,
quentes e inseguros, o povo é humilhado e agredido todos os dias.
Mas quando o povo vai para as ruas reclamar contra esta injustiça o que acontece? É
violentado! Tropas de choque, gás lacrimogêneo, spray de pimenta, bombas, balas de
borracha à queima roupa que podem cegar ou até matar. Todo um aparato de guerra é usado
contra o povo, e dezenas de manifestantes são presos e feridos pela polícia. Será que não
podemos ir às ruas para manifestarmos nossa indignação e lutarmos por justiça? Será que
voltamos à ditadura militar?
Diante dos problema sociais do Rio, a resposta do poder público vem através de uma
sinistra política de terror sobre os pobres. Diariamente somos violentados pelos
governantes e empresários. Camelôs querem trabalhar, mas sofrem a violência do choque de
ordem. Na Aldeia Maracanã, indígenas lutam por seus direitos e territórios, mas são
violentados pela Prefeitura e empresários da Copa. Centenas de moradores de comunidades
são despejados de suas casas, sem diálogo e sem receber uma justa indenização, sofrendo a
violência da especulação. Empreiteiros e empresários vão lucrar com obras de urbanismo e
com os BRT’s. Pessoas doentes sofrem a violência do descaso em filas de hospitais, e
estudantes em escolas publicas com péssimas condições e sem recursos do estado. Muitos
motoristas acumulam as funções de cobrador, e ambos sofrem com a pressão por metas e
horários que os patrões impõem, obrigando-os a não aceitarem mais de 40 gratuidades por dia.
Tanto a truculência da polícia e o descaso do poder público para o social, quanto o
desrespeito que os empresários do transporte público nos fazem passar diariamente, todas
estas são formas de violência contra o povo. E todas as formas que o povo usa para se
defender contra esta violência são legítimas. O povo, organizado nos movimentos sociais,
manifestando-se por justiça, não pode ser criminalizado, agredido ou preso.
Devemos ter cuidado com a estratégia dos poderes dominantes de criminalizarem
“individualmente” militantes e ativistas que lutam contra o aumento da passagem. Muitos já
estão com processos nas costas por lutarem. Lutar não é crime! Não podemos deixar que
nossos companheiros/as sejam criminalizados/as! Essa criminalização deve ser denunciada!
Essa é a verdadeira face da democracia burguesa, escondida de dois em dois anos nas urnas
e propagandas eleitorais mas que mostra suas garras quando surgem as flores da resistência!
Até quando vamos aguentar isso? O transporte público deve atender as necessidades dos
povo, não as dos empresários!
O AUMENTO DA PASSAGEM É A “PONTA DO ICEBERG”
O recente aumento da passagem mostra o futuro planejado pelas elites para a cidade
“maravilhosa”: precarização dos transportes/serviços públicos, maquiagem em ritmo
acelerado e transformação do Rio de Janeiro numa cidade turística com altos custos de vida
para os trabalhadores. Para garantir que não haja resistência o governo federal, estadual
e municipal atuam de maneira coordenada. Aniquilam a resistência indígena, controlam os
espaços populares com as UPP’s ou simplesmente reprimem qualquer um que ouse levantar a
voz contra o domínio do capital! Ou seja, para os ricos e empresários tudo, para o povo
repressão e abandono.
CONSTRUIR A UNIDADE DA LUTA
Vivemos no Rio um contexto difícil, vivemos e lutamos numa cidade controlada pelas forças
mais vorazes do capital nacional e internacional, da especulação imobiliária, máfia dos
transportes e uma política pública que reprime e volta as costas aos pobres. Apesar disso,
diversos segmentos da esquerda (organizações políticas, coletivos, sindicatos, CA’s,
etc.), dos movimentos sociais e estudantis saíram às ruas corajosamente para enfrentar o
criminoso reajuste da passagem.
Inspirados por tentativas bem sucedidas de mobilização popular em outras cidades, os
manifestantes protagonizaram fortes iniciativas de resistência contra os desmandos da
máfia do transportes. Esse foi o exemplo do último ato contra o reajuste, reprimido com
excesso de violência pelo choque. Consideramos que a unidade na luta e a organização pela
base sejam os principais caminhos para derrotarmos a máfia dos transportes, construído com
a unidade de diversos setores da esquerda numa bandeira em comum: a derrota da máfia dos
transportes e a luta contra o reajuste pela força das ruas!
O TRABALHO DE BASE
Junto com isso surge a necessidade de organizar-nos cada vez mais, sabendo que mesmo se
perdermos a batalha, teremos uma longa guerra pela frente. Sabemos que os políticos
trabalham para o beneficio dos empresários, e enquanto for assim todo ano haverá aumento
das passagens. Por isso devemos pautar e construir essa luta permanentemente nos espaços
de moradia, estudo e trabalho! Esse trabalho é o que acumula força social e vai criando,
com dificuldades, desafios e avanços, o que chamamos de poder popular! Se a luta da classe
trabalhadora passa por um momento difícil e recua um pouco, a importância do trabalho de
base é ainda maior. Ir para as ruas é sempre resultado de uma mobilização prévia, de uma
luta que começa no bairro, na favela, no colégio, na ocupação, em espaços de organização
de base. A ação direta é resultado da mobilização cotidiana nas bases!
INDEPENDÊNCIA DO CAMPO POPULAR: SEM SECTARISMO, DIVISIONISMO E APARELHAMENTO
Outra questão importante é garantir que a unidade seja feita com a independência do campo
popular. Como socialistas libertários e classistas sabemos que a luta não será
protagonizada por nós, ainda que atuemos nela enquanto fermento. Isto quer dizer que a
luta é do povo que se organiza e vai para as ruas levando sua indignação. A luta não pode
ser capturada por um partido, domesticada por uma legenda, por que a luta é uma tarefa da
classe. A luta também não é “apolítica” e desorganizada. Porque nela nos formamos,
aprendemos com os erros, crescemos e acumulamos força para o dia seguinte. Defendemos uma
unidade construída sem sectarismos e com respeito às diferentes forças da esquerda. Fazer
uma luta apartidária é diferente de fazer luta anti-partido. Isso significa respeitar as
diferentes legendas que atuam no interior da mobilização popular, unindo as diferentes
forças políticas por pautas em comum.
Também não temos a pretensão de como organização política anarquista e classista
“representar” a totalidade do que se convencionou chamar de movimento anarquista, assim
como não exigimos a determinados partidos marxistas que respondam pela totalidade dos
marxistas. Somos parte de uma organização política anarquista classista que trabalha com
princípios em comum, critérios de ingresso, estratégia militante e unidade
teórica/ideológica. Neste sentido, rejeitamos a associação preconceituosa dos que vinculam
mal-refletidamente o anarquismo a desorganização. Respeitamos, ainda que com diferenças,
as distintas formas de associação, sejam elas partidárias, independentes ou de outras
bandeiras políticas que venham se somar a luta. Mas rejeitamos quaisquer tentativas de
dividir o movimento internamente. O sectarismo venha de onde vier é danoso e divide a classe.
O esforço de diversas organizações políticas, coletivos, militantes e ativistas é o que
garante a força do protesto social. A ação popular organizada sem servir de escada para
políticos de ocasião e carreiristas deve marcar a força do nosso coração revolucionário.
Protesto não é crime!
Contra a criminalização dos movimentos sociais!
Criar um povo forte! Lutar, criar, poder popular!
Related Link: http://www.farj.org
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* By Federação Anarquista do Rio de Janeiro (FARJ) - Integrante da Coordenação Anarquista
Brasileira (CAB)
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