(pt) Anarkismo.net: Conflitos e direitos indígenas no Brasil atual (en)
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Terça-Feira, 11 de Junho de 2013 - 09:55:26 CEST
Terenas se recusam a acatar ordem do Judiciário e decidem fazer valer seus direitos,
materializando a tensão existente entre os modelos do agro brasileiro e a ancestralidade
dos povos originários. ---- O assassinato do brasileiro de nacionalidade Terena, Oziel
Gabriel, ocorrido no município de Sidrolândia (MS) no último dia 30 de maio, é outro
episódio de um conflito permanente que boa parte do Brasil urbano insiste em negar. Para
além da luta pelo controle das terras ancestrais, o que está em jogo é a condição da
sociedade brasileira em comportar outras formas de vida coletiva. ---- Infelizmente, nosso
país não tem uma massa de população originária, equivocadamente ainda chamada de indígena.
Se tivéssemos o perfil demográfico de países como México, Colômbia, Peru, Bolívia e
Equador, certamente um episódio como o ocorrido na fazenda Buriti resultaria em clamor
nacional.
Não foi o primeiro e nem tampouco será o último embate entre os produtores rurais – em
especial os empresários do setor primário – e as nações indígenas. Na mesma região, outro
conflito de terras levara a episódios de suicídio coletivo da nação Guarani-Kaiowá.
Simultaneamente, a tensão no canteiro da Usina de Belo Monte demonstra que a disputa pela
posse da terra, além do uso do solo, põe em jogo as condições de existência e preservação
destas culturas.
Para compreender a disputa, basta consultar rapidamente algumas bandeiras da Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Em suas demandas básicas, incluem-se demarcação
imediata das terras indígenas; aprovação do Novo Estatuto dos Povos Indígenas, o que
implica em frear as PECs e leis complementares que atentam contra os direitos reconhecidos
na Constituição de 1988; aplicação da Convenção 169 (OIT) e da Declaração da ONU
assegurando consulta prévia e democrática a respeito de decisões que afetam os direitos
indígenas; e, co-participação em instâncias oficiais mediante representação paritária nas
instâncias decisórias destes direitos.
A própria APIB eleva o status desta luta, pois ao gerar a auto-representação, ultrapassa a
condição de tutela e delegação indireta através de entidades como o Conselho Indigenista
Missionário (CIMI) e as contradições permanentes na Fundação Nacional do Índio (FUNAI). As
bandeiras desta Articulação reivindicam a existência e o pleno desenvolvimento como nações
dentro de um Estado nacional criado a partir do genocídio de quem aqui vivia e seqüestro
para escravidão dos afro-descendentes.
Acertar estas contas não é fácil e nem barato. Logo após os povos indígenas brasileiros
aprimorarem sua auto-organização, a partir de 2005, puseram em cheque os projetos de
desenvolvimento e produtividade a todo custo.
Bruno Lima Rocha
http://www.anarkismo.net/article/25688
Related Link: http://estrategiaeanalise.com.br/
More information about the A-infos-pt
mailing list