(pt) Revista anarquista Aurora Obreira nº 22 - Pensando a situação de hoje (en)
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Segunda-Feira, 7 de Janeiro de 2013 - 09:47:11 CET
Imagine-se na seguinte situação: ---- Você está no meio de uma avenida movimentada ao lado
de diversas pessoas, muitas das quais conhece há muito tempo. Você está lado a lado dessas
pessoas, gritando palavras de ordem contra o governo e o sistema, deixando o trânsito
parado, tornando o momento muito tenso e barulhento. De repente, a sua frente forma-se uma
fileira de homens de capacete e portanto escudos. Fecham avenida, perfilados em ordem e
silenciosamente olham vocês e todos os outros através dos óculos escuros. Aguardam o sinal
de seu oficial superior, como cães bem treinados. ---- No ar sente-se a tensão, um momento
de silêncio de ambas as partes. Um policial com megafone solicita o fim da manifestação e
a desobstrução da avenida, restaurando assim “ordem” da cidade, do sistema. Um empurrão,
uma pessoa cai no chão bem perto de você. É o sinal, os policiais começam a andar ainda
perfilados, batendo com os cassetetes nos escudos visando a dispersão da manifestação,
intimando os manifestantes entre os quais, você. O que fazer?
Sair correndo, manter a calma, ficar paralisado de medo, enfrentar os policiais, etc.
Existem várias opções que devem ser levadas em consideração e em poucos segundos, tomar
uma decisão e agir. Isso significa não só preservar a sua integridade física, mas também
do grupo, das pessoas ao seu redor e da própria manifestação.
O presente texto surge tendo como meta a discutir a necessidade de treino para que nas
situações de tensão e eminente perigo de enfrentamento, tenhamos no mínimo uma ação
coerente e respostas rápidas, muitas das quais depende a integridade moral, física e
política de cada indivíduo e do coletivo.
O primeiro ponto necessário a cada elemento e ao grupo é ter bem claro o que se quer e
como isso ocorre. Indivíduos e grupos preparados teoricamente significa ações coerentes e
clareza de objetivos práticos, quando se sabe porque luta, luta-se mais e melhor.
Pensar a situação de hoje é essencialmente manter-se informado e em permanente educação,
formando uma base sólida e bem fundamentada sobre assuntos escolhidos como relevantes.
Quando mais conscientes estiverem o grupo e seus indivíduos, as chances de manipulação
diminuem proporcionalmente e mostra a qualidade da ação direta e porque fazemos a diferença.
Ao extrapolar as discussões desenvolvendo-as em todo o grupo e mesmo além dele, gera-se
aumento de vínculos internos e externamente uma rede de apoio. Quebra-se o monopólio das
vanguardas e lideranças partidárias, grandes manipuladoras de movimentos, onde os usa para
suas manobras políticas e suas estratégias reformistas.
Mas isso não será feito no dia da ação!!!!! Devemos nos preparar da melhor forma que
encontrarmos e não ficar aguardando que alguém diga o que fazer. Lembre-se: As ações e
mudanças dependem muito mais de você.
Pense na situação de hoje e desenvolva questões e respostas como:
a)O que está acontecendo com a região onde vivo e que relação isso tem o com o mundo?
b)Porque a situação de milhões de pessoas é miserável?
c)Qual o meu papel na região onde vivo e quais as minhas relações com os outros?
d)De onde vêm a desigualdade e o que pode ser feito independente de ser legal ou não para
diminui-la?
e)O modelo atual econômico-político é a melhor forma de conduzir a sociedade, não existe
outro modo?
f) Agimos coerentemente com nossas convicções e sabemos quais são?
Isso será útil na ação como sua consciência e referencial do porque lutar, mas não é para
“filosofar” em momentos críticos, neles é ação que conta e não as teses remotas e
abstratas. Não adianta discorrer uma tese sobre a opressão diante de policiais treinadxs
justamente em oprimir conforme sejam mandadxs. Sua atitude nesse momento deve ser rápida,
firme em busca de manter a sua integridade e dxs companheirxs envolvidxs no ato.
Disso leva a outra questão: como está sua saúde revolucionária?
Estar em dia com o condicionamento físico, tendo uma alimentação saudável (não estamos
pregando que se converta a uma vida vegana, isso seria pedir demais e essa escolha cabe a
você e não por uma imposição, mas pense seriamente em diminuir nos vícios tais como
bebidas, cigarros e drogas em geral, e praticar mais esportes e uma dieta equilibrada).
Saiba que a maioria do policiais, principalmente de eltite, praticam esportes regularmente
e treinam semanalmente como oprimir e reprimir tudo que forem mandados. Assim ocorre nas
forças armadas e isso significa um contingente de quase 2 milhões de pessoas treinadas
para reprimir, oprimir e se necessário “neutralizar” o inimigo, ou seja, matar.
Não pense que estamos fazendo apologia a violência, ela já está feita e é reforçada pelos
noticiários sensacionalistas que pregam aplicação de leis mais severas, polícias mais
enérgicas e mais violência contra quem está fora do sistema. E isso acaba gerando mais
violência e assim vai subindo a escalada de medo, que é útil para manter a população refém.
Mas em todo caso, estamos alertando a importância de resistirmos e saber como fazer a
luta, e nesse sentido, produziremos alguns textos reforçando o preparo para luta. Não
adianta um ideal bem estruturado se não temos uma base para mantê-lo. Bem estar e saúde
pela revolução!
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