(pt) Os EUA e a vigilância eletrônica global --- 2ª quinzena de agosto 2013, para o Jornalismo B, Bruno Lima Rocha (ca, en)
a-infos-pt ainfos.ca
a-infos-pt ainfos.ca
Quarta-Feira, 28 de Agosto de 2013 - 21:31:24 CEST
[The Guardian --- Edward Snowden abandonou uma vida confortável no Havaí para, em nome de
suas convicções, tornar-se dissidente da maior potência que o planeta já teve.] ----
Edward Snowden, hoje asilado temporário na Rússia governada por Vladimir Putin e demais
herdeiros da KGB, é um ex-consultor da National Security Agency (NSA), agência dos EUA
especializada em vigilância e guerra eletrônica e responsável pelo monitoramento de dados
eletrônicos e comunicação interpessoal. Em declarações públicas, se disse arrependido de
seus atos, vindo a desertar. O argumento faz sentido. Espionar cidadãos comuns é muito
distante de exercer o alerta sobre possíveis conexões do terror integrista sunita. Na
prática diária, é quase impossível distinguir entre a atenção para a segurança do Estado,
e a intromissão na vida privada. A novidade é a deserção e não a espionagem sobre
populações inteiras.
A vigilância individual só vem aumentando, uma vez que o potencial inimigo se organiza em
sistema de rede. Cabe recordar que o modelo organizacional foi aprendido pelos jihadistas
quando o membro da família real saudita e sócio dos Bush, Osama Bin Laden, era operador de
enlace no recrutamento de voluntários "afeganis" para lutar contra os hereges soviéticos
ocupando o Afeganistão. Esta guerra não declarada foi a maior escalada bélica (de custos)
do período da bipolaridade. Ao comprometer a Arábia Saudita como co-financiadora da
resistência afegã, as redes de inteligência se mesclaram, para depois ficarem disseminadas
pelas populações de credo islâmico de ramo sunita espalhadas pelo mundo. O resultado é
vigiar quase tudo e quase todos, justificada na onipresença sobre o inimigo sem rosto.
Como se sabe nada disso é novidade. A partir da escalada bélica da 2ª Guerra Mundial, os
Estados Unidos são co-governados pelo complexo industrial-militar, incluindo os setores de
telecomunicações. O alvo da vigilância é indiscriminado, conseqüência da indexação de
palavras-chave, cujos registros, uma vez capturados, são posicionados em
super-processadores, cruzando os termos com as relações interpessoais de quem participa
das conversas. O problema internacional é a vigilância das comunicações eletrônicas em
Estados soberanos, espionando sistematicamente cidadãos de países aliados - como os da
União Européia - e parceiros comerciais, a exemplo do Brasil.
O fluxo de comunicações eletrônicas passa necessariamente pelos EUA, pois lá se localiza a
maioria dos supercomputadores servindo como intermediários das conversações de internet e
o hub da rede física instalada nas duas costas do Oceano Atlântico. Some-se a isso a
lealdade de fato - não jurídica - das empresas fornecedoras de serviços de internet e
indexação de dados, como Google, Facebook, Microsoft (no serviço do skype) e Yahoo. Se
antes os críticos suspeitavam da venda de dados particulares para fins de mercado,
individualizando o consumo e a oferta de produtos customizados, agora o fato é ainda mais
grave. Ao contrário do senso comum do liberalismo, a privacidade e a liberdade individual
não está assegurada para os cidadãos, sendo prerrogativa do uso da força e hegemonia do
Império em escala mundial.
More information about the A-infos-pt
mailing list