(pt) FAG Opinião Anarquista - Federação Anarquista Gaúcha. Agosto de 2013 MEMÓRIA E JUSTIÇA CONTRA O LATIFÚNDIO E O AGRONEGÓCIO
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Terça-Feira, 20 de Agosto de 2013 - 09:56:31 CEST
Os últimos dez anos de governosdo PT reforçaram abarganha dosruralistas nocongresso
efizeram crescer o poder doagronegócio sobreos bens comuns. Ofinanciamento público
deextensivasmonoculturas desoja, de cana,eucalipto, pecuária,mineradoras, portos
marítimos,estradas e obras degeração de energiafavorecem ascorporações quecontrolam
omercadointernacional de commodities. ---- Mais um ano para levantar o braço esquerdo e
fechar o punho para recordar a luta que fez cair o Elton por um covardetiro de 12 pelas
costas disparado pelos brigadianos. Os carrascos e mandantes desta sinistra operação
repressiva quetirou a vida de um companheiro Sem Terra ainda gozam da impunidade e do
privilégio. Eles apitam no governo, no judiciário, na imprensa e na economia. Nunca
esquecer e jamais perdoar!
Em 21 de agosto de 2009, nos confins dolatifúndio de São Gabriel, Fronteira Oeste do RS, a
“terra dos marechais” foi regada com o sangue de um trabalhador,pobre, negro, um deserdado
pelo poder dos grandes proprietários rurais e os seus sócios capitalistas do agronegócio.
Faz dez anos que entre ocupações de terra e marchas históricas os trabalhadores semterra
abriram picada entre os jagunços armados e romperam cercas para levar a bandeira da
reforma agrária no coração do latifúndio do estado do RS. Em 2003 aregião de São Gabriel
viveu um estado de exceção montado pelo prefeito, o judiciárioe os ruralistas para frear o
avanço da luta de classes sobre o solo sagrado das suas propriedades. O manifesto dos
fazendeiros panfleteado pelos arredores do municípiotem um lugar eterno na galeria das
grandes infâmias e do ódio racista e de classe dosruralistas quando tratam dos pobres do
campo."
Povo de São Gabriel, não permita que sua cidade tão bem conservada nesses anos seja
agora maculada pelos pés deformados e sujos da escória humana. (...) Estesratos precisam
ser exterminados.(...) É preciso correr sangue para mostrarmos nossabravura."
E convoca:
Se tu, gabrielense amigo, possuis um avião agrícola, pulveriza a noite 100litros de
gasolina em vôo rasante sobre o acampamento de lona dos ratos. Semprehaverá uma vela acesa
para terminar o serviço e liquidar com todos eles. (...) Se tu, gabrielense amigo, possuis
uma arma de caça calibre 22, atira de dentro do carrocontra o acampamento, o mais longe
possível.”
Nesses anos a fazenda de mais de 13 mil hectares da família Southal foi parcialmente
desapropriada junto com a conquista de mais assentamentos. Mas a peleia e os sonhos de
Elton Brum não se cumpriram como se queria. A luta pela terra em São Gabriel hoje enfrenta
a calamidade de uma política miserável deassentamentos que joga os trabalhadores pra cima
da terra a cuidar da própria sorte,sem condições básicas de dignidade, estruturas de
produção e acesso a serviços públicos. Nesse sentido reivindicar o Elton é acusar a
injustiça e a violência dasestruturas do poder dominante e continuar a luta dos pobres do
campo que mobilizousuas esperanças e onde jogou sua vida por uma terra que o fizesse mais
livre e igual na sociedade.
Os últimos dez anos de governos do PT, ao contrário das promessas,reforçaram a barganha
dos ruralistas no congresso e fizeram crescer o poder doagronegócio sobre os bens comuns.
O financiamento de grandes e extensivasmonoculturas de soja, de cana, eucalipto, pecuária,
megamineradoras, portosmarítimos, estradas e obras de geração de energia favorecem as
corporações quecontrolam o mercado internacional de commodities. Tecnologias de dominação
dosoligopólios, dependência dos capitais financeiros, grupos transnacionais e grandes
proprietários de terra impõem um modelo capitalista que faz do agronegócio e damineração
agentes “desenvolvimentistas” e atropelam os indesejados.
Cada vez mais a produção de alimentos da cesta básica dos trabalhadores dacidade está
perdendo lugar para as pautas de exportação do agronegócio e aumentandoos preços da
comida. Ainda neste ano o Rio Grande do Sul ficou escandalizado com afraude das empresas
que faziam o leite “render” misturado na uréia para compensar as perdas das pastagens do
gado leiteiro para monoculturas. Agosto começou com oanúncio e celebração do governo Tarso
do maior “investimento” da historia doEstado: a ampliação da fabrica em Guaiba da Celulose
Rio Grandense, antigaAracruz. Serão investidos mais de 5 bilhões de reais nos próximos
anos paradesenvolver a fábrica de celulose pela expansão do deserto verde de eucaliptos.
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Os povos nativosfazem uma luta devida ou mortecontra o saque e aliquidação dosbens comuns,
dasculturas popularese as riquezasnaturais. Não faz muito a rebeldiados índios Terenano
Mato Grosso doSul foi alvejadacom as balasmortais da políciafederal, durante aoperação que
protegiafazendeirosladrões de terra.
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A reforma agrária, a defesa do território dos povos originários e causastrabalhistas e
ambientais se tornaram um estorvo para o choque de capitalismo sobreas fronteiras
agrícolas e a especulação do mercado financeiro global. O sindicatonacional das
oligarquias rurais (CNA) controla o orçamento da agricultura, aperta emarca as pautas do
MDA e sucateia o Incra. Está em curso uma ofensiva contra novosassentamentos, sobre
assentamentos consolidados, demarcação de terras indígenas equilombolas, áreas de
fronteira e de proteção ambiental. Segundo esse modelodominante o trabalho escravo pode
ser relativizado para que passe o “progresso”.
Mega-obras de usinas hidrelétricas no norte brasileiro, escoltadas pela força nacionalde
segurança ameaçam comunidades indígenas e camponesas, exploram em regimede exceção os
operários, para suprir a produção de energia das mineradoras.
Os povos nativos fazem uma luta de vida ou morte contra o saque e aliquidação dos bens
comuns, das culturas populares e as riquezas naturais. Não fazmuito a rebeldia dos índios
Terena no Mato Grosso do Sul foi alvejada com as balasmortais da polícia federal, durante
a operação que protegia fazendeiros ladrões deterra.
O governo Dilma aplica mão pesada sobre as resistências que vem debaixo. Umanova etapa da
guerra de extermínio viola a integridade dos territórios indígenas. A portaria 303/12, a
PEC 215 e a PLP 227/12 que tramitam entre o governo e o congressolegalizam o atropelo e a
cobiça do novo desenvolvimentismo capitalista.O governo Tarso paralisa a demarcação dos
territórios indígenas e empurra pequenos agricultores para o colo do ruralismo. O Rio
Grande do Sul revive a políticade terras dos anos 60 que desviava dos latifúndios a
solução da questão agrária etitulava os colonos sem terra em áreas dos povos originários.
Desde então seespalharam conflitos entre indígenas e camponeses. Um dos maiores foi nos
anos 70em Nonoai na região Norte do RS. Quando a luta dos Kaigangs expulsaram de
seusterritórios ancestrais os ocupantes enviados pelo Estado, os pequenos agricultores e
posseiros que deram origem a Encruzilhada Natalino, e finalmente ao MST.
As mobilizações de massas da nova conjuntura dão lugar para demandas populares que fogem
do controle e da representação do bloco governista de partidos emovimentos. Os pobres do
campo tem que tomar uma posição de combate que se una arebeldia das classes oprimidas e
faça frente aos impactos do modelo do capital para ocampo, sua forma de produção de
alimentos além da apropriação e devastação dos bens comuns. Porque a luta pela terra, o
território e os meios de produção não terminacom os arranjos governistas, não para no
pacto do Estado com o latifúndio e oagronegócio e nem nas vias mortas da burocracia. Ela
continuará apesar de tudo, comoconta a história da resistência dos mais de 500 anos de
invasão colonial-imperialista. Ea recordação do Elton nesta hora deve ser um abraço a
todos e todas que lutam contra osistema da morte, da injustiça e da dominação. Sua memória
é uma pauta paraconstruir aliança cidade, campo e floresta, mobilizar solidariedade dos
trabalhadores eabrir pela peleia, com ação direta, uma alternativa de mundo onde a vida
tenha maisvalor que os negócios.
CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DOS BENS COMUNSPELO GOVERNO DILMA, O AGRONEGÓCIOE AS
MINERADORAS.TODO APOIO AS OCUPAÇÕES DE TERRAE AS PARALIZAÇÕES DAS OBRASDO GOVERNO E DAS
EMPREITEIRAS.REFORMA AGRÁRIA PRA VALER.PELA DEMARCAÇÃO DAS TERRASINDÍGENAS E
QUILOMBOLAS.MEMÓRIA E JUSTIÇA PARA OS MÁRTIRESDA LUTA PELA TERRA.
ELTON BRUM VIVE!
SEDE: Travessa dos Venezianos n° 30 - WEB: batalhadavarzea.blogspot.com
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