(pt) Brazil, Lutar contra a Tarifa! - Até que vença a vontade das ruas! by Federação Anarquista Gaúcha - FAG - CAB (en)
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Sábado, 6 de Abril de 2013 - 13:43:07 CEST
"Pra favorecer uma experiência de lutas que deve unir e organizar os setores populares,
nenhum partido tem o direito e a autoridade de se colocar por cima, interferir em causa
própria na expressão pública do movimento social, negociar nas costas da vontade popular.
A relação de forças das ruas, dos piquetes, das ocupações e das marchas é que marca o
caminho. ---- Tática apartidária pra luta social, não anti-partido e tampouco apolítica."
-- O Bloco de Luta pelo Transporte Público encheu Porto Alegre com o protesto massivo da
última segunda-feira (01/04/13). A ação repressiva não intimidou o movimento. Estudantes e
trabalhadores deram uma valente demonstração de força depois do conflito sucedido na outra
semana. Esta já é uma peleia para a história da capital quando o assunto é transporte
coletivo.
Contrariando os interesses do governo, dos patrões e a tropa de choque da grande mídia,
tem crescido e derramado pelas ruas a participação popular. Muitos jovens dos setores
populares, vindos de distintas zonas da cidade tomam parte ativa nessa experiência. Nada e
ninguém desloca a luta como a melhor escola para quem quer mudar a vida em coletivo, pra
arrancar a cidade de um destino que se reserva só para as elites. O DIREITO A CIDADE, AOS
SEUS SERVIÇOS, ESPAÇOS E BENS SOCIAIS, SEMPRE ESTARÁ EM CONFRONTO COM AS CATRACAS QUE
TRANCAM NOSSO DIREITO DE IR E VIR. Essa é uma violação diária, costumeira, invisível, que
o discurso da ordem não gosta de falar.
Nosso conceito de independência do campo popular
A unidade dos que lutam é um forte do movimento social. A imprensa burguesa investe pesado
sobre esse ponto quando planta discórdia e monta espantalhos pelo nosso meio. Os protestos
que ganharam a cena pública pelo Bloco de Lutas são formados por um conjunto de setores
sociais e políticos, organizados ou não, que se uniram na pauta contra o aumento das
passagens. Ao longo das manifestações novos aderentes acabaram reunindo cerca de 10 mil
pessoas na marcha da segunda-feira. Essa luta será forte e decisiva enquanto for capaz de
ser expressão pública deste sentimento popular fermentado que cansou de ver o caminho
cortado com tarifas para o estudo, o trabalho e bens coletivos que produz a cidade.
Não temos a menor pretensão de representar o que se chama por lugar comum de movimento
anarquista. Guardamos o respeito e as devidas diferenças com outras formações libertárias.
Nós tomamos a palavra em direito próprio como uma organização política, que tem seus
acordos e definições específicas, que se reconhece entre os oprimidos por esquerda, dentro
da luta de classes, anticapitalista e antiburocrática.
Temos tratado de defender sempre os critérios que fortaleçam, que unam, que não
desagreguem a energia que tem que ser acumulada para vencer uma luta que não termina logo
ali. O “aparelhismo” joga contra a unidade dos que lutam, mata a pluralidade do campo
popular. Como corrente libertária do socialismo aplicamos um conceito integral de
independência das lutas sociais em relação a governos, partidos e patrões. Tática
apartidária pra luta social, não anti-partido e tampouco apolítica.
Pra favorecer uma experiência de lutas que que deve unir e organizar os setores populares,
nenhum partido tem o direito e a autoridade de se colocar por cima, interferir em causa
própria na expressão pública do movimento social, negociar nas costas da vontade popular.
A relação de forças das ruas, dos piquetes, das ocupações e das marchas é quem marca o
caminho. As pautas que convocam e mobilizam os trabalhadores e os estudantes não podem ser
deslocadas pelo partido, não pertencem a nenhuma legenda em particular, são do povo e para
que participe massivamente.
Nem por isso está em nossos propósitos fazer obra de propaganda anti-partido. Aqui se
respeita e reconhece o direito que tem o indivíduo de se organizar como partido, de acordo
com os princípios e o programa que tenha mais afinidade. Só a luta pode ser um divisor
crível de amigos e inimigos. Sem ignorar nossas diferenças, reconhecemos que no Bloco de
Lutas tem lugar para os partidos e agrupações de esquerda que não se associam com o
governo e os negociadores da capitulação. Tem lugar pra todas e todos que ajudam a
construir um movimento combativo e de massas. O sectarismo não faz parte do nosso estilo
militante, porque tem uma vocação definitiva para o partido único ou a religião.
Não formamos uma organização política para se fazer de intermediários burocráticos da
pressão social, não buscamos o reconhecimento da mídia e das autoridades burguesas como
interlocutores válidos. Nossa política aponta na construção de um povo forte. A ação
direta como método de luta e a democracia de base como fator de participação decisiva do
sujeito nas suas demandas são ferramentas para que cresça o poder popular, desde baixo.
Nosso lugar é de impulso criador no interior das pautas do movimento social, no
desenvolvimento de fatores ideológicos de mudança combativa, na construção de capacidade
política pela união solidária dos trabalhadores, estudantes, o mundo dos oprimidos.
O protesto social deve ter suas próprias perspectivas, não é escada para a carreira
eleitoral. Nas experiências sociais coletivas, no calor do povo na rua, no ombro a ombro
da ação pública de massas também se gesta um povo forte que pode mudar a vida. A
reapropiação social da cidade pelos seus trabalhadores, pelos filhos do povo, tem que ser
obra dos próprios, das suas organizações de base, dos seus movimentos de independência dos
controles do poder dominante. Nada substitui o passo contundente e decisivo da ação direta
popular.
Barrar o aumento com a força das ruas e com ação direta popular!
Não tá morto quem peleia!
Lutar! Criar! Poder Popular!
Federação Anarquista Gaúcha
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