(pt) Anarkismo.net, Brazil, Reforma política e democracia participativa by Bruno Lima Rocha (en)
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Sábado, 6 de Abril de 2013 - 13:19:41 CEST
Se a possibilidade de tramitação de projeto lei de iniciativa popular chegar a ser
aprovada, podendo incidir em todos os níveis da legislação, então teremos um pequeno
avanço concreto na democracia realmente existente ---- A reforma política, após mais de
uma década e meia ziguezagueando nos corredores da câmara baixa, irá a voto. Nos dias 9 e
10 de abril os deputados federais estarão no plenário para fazer o que menos gostam; votar
a respeito das regras de disputa na política profissional. ---- Possivelmente serão
duplamente contrariados, pois terão de tomar posição e em público. Há algumas semanas,
participei em um debate na presença do relator, o deputado federal Henrique Fontana
(PT/RS) e dentre todas as propostas, uma que passa ao largo das polêmicas centrais chama
mais atenção.
Trata-se da possibilidade de que, através da coleta de assinaturas eletrônicas, um projeto
lei (PL) oriundo do cidadão comum possa tramitar no Congresso. O número indicado é o de
500 mil pessoas, sendo que pela regra atual, é preciso 1% do eleitorado (1,4 milhão de
assinaturas), além do mais difícil, algum parlamentar para abraçar o texto. A melhor parte
fica para a possibilidade de Emenda à Constituição (PEC), através da coleta 1,5 milhões de
assinaturas digitais colhidas em domínio oficial, algo hoje proibido para a cidadania. Uma
PEC, mesmo parlamentar, é sempre é algo complicado e traumático, a exemplo da Emenda da
Reeleição, de junho de 1997. Hoje o cidadão apenas pode tentar uma manobra difícil e cara
para emendar à Constituição, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN). Tal
instrumento jurídico é empregado para exigir, por exemplo, legislação complementar
regulando direitos constitucionais ainda não assegurados. Portanto, o recurso da PEC
através de assinatura eletrônica é um avanço.
Reconheço que o tema não entusiasma o andar de cima. Mais preocupados estão os operadores
da política profissional com o financiamento público de campanha; fim das coligações; voto
em lista flexível; gastos de campanha a ser executados pelas legendas; proibição das
coligações para eleições proporcionais; e, o estabelecimento de um ano eleitoral,
terminando com os pleitos a cada dois anos no país. Todos estes itens são relevantes para
a representação partidária, mas o único realmente capaz de quebrar um paradigma é o da
participação direta, mesmo que ainda em formato eletrônico.
Seria leviandade antecipar um resultado para a votação. Todo e qualquer comportamento é
possível vindo de um parlamento onde Marco Feliciano (PSC-SP) preside a Comissão de
Direitos Humanos através de acórdão. Dentro de um otimismo minimalista, se apenas o
mecanismo da democracia participativa for aprovado, teremos um ganho real.
Bruno Lima Rocha
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